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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Na escola errar é motivo de punição




Na escola os alunos não tem o direito de errar, quando erram são punidos com notas baixas, recuperação e reprovação. No passado era muito pior, a palmatória "comia de esmola", caroços de milho nos joelhos ou de pé com chapéu de burro em frente dos colegas horas a fio.
A escola é o espaço que permite aos alunos assimilarem os conteúdos, com direito de errar, no entanto a escola não trabalha com os erros dos alunos, pune o aluno que errou e classifica–os como bons e ruins. 
O castigo físico desapareceu das nossas escolas, porém o castigo ainda sobrevive com uma roupagem nova, no caso atinge a personalidade dos alunos. Hoje o professor se vale muito das notas para corrigir os alunos quanto à disciplina e aos conhecimentos. “se vocês não se comportarem elaboro uma prova bem difícil para ninguém tirar nota boa...”, ou então, “vou comunicar aos pais que não estão estudando...” e assim vão as advertências verbais punitivas. Tais atitudes não constroem a aprendizagem dos alunos, pelo contrário, transfere aos alunos patologias, fobias e ansiedades.  A missão da escola é proporcionar aos alunos um ambiente saudável, prazeroso, atraente e acolhedor, que permita aos alunos se sentirem felizes nesse espaço-escola.
Erros são relativos, estamos inseridos numa sociedade de padrões moralizantes e pré- estabelecidos, fugir desses preceitos é “errado”. Construímos os conhecimentos errando, o que seria de nós mortais se não fossem os erros. Os inventores para chegar a uma invenção definitiva erraram n vezes até chegar ao produto final. Thomas Edison para inventar a lâmpada incandescente fez várias tentativas até chegar a lâmpada definitiva e pronta para comercializar.
O erro faz parte da vida, só se aprende errando e buscando o certo. A escola não pode ser diferente, punir o aluno do processo pedagógico porque errou é um absurdo. Cabe ao educador interagir com os alunos e procurar saber por que o aluno não chegou à solução proposta. Muitas vezes o aluno chuta na trave e por um pequeno deslize “a bola não entra” e o professor pune com cartão vermelho a questão e não pontuando.
Não estou defendendo que o erro sempre seja necessário na aprendizagem, o que defendo é que o erro não seja uma coisa punitiva, excludente e preconceituosa. Que o erro seja trabalhado com os alunos para que nas avaliações futuras o aluno não caia no mesmo erro cometido na avaliação anterior.
No passado passei pela “tortura da palmatória,” no quesito tabuada, eram feitos duas filas, um de frente para o outro (a). O aluno perguntava, se errasse a multiplicação a palmatória soava com gemidos, gritos e lágrimas, confesso que nunca levei porque tinha medo horrível de errar e apanhar, presenciei as meninas com as mãos machucadas, os alunos não tinham dó, davam com “gosto de gás”.
Muitas vezes pela correria do dia a dia do professor o aluno corre o risco de questões mal elaboradas de difícil compreensão, levando os alunos ao erro e a punição. Algumas considerações devem ser levadas em conta na elaboração de uma avaliação: sistematicidade, linguagem compreensiva, comprometimento metodológico do ensino e do instrumento de avaliação e precisão das perguntas.
O erro e consequentemente a reprovação interessa a ideologia dominante, o mestre Cipriano Luchesi cita:
A concepção da vida culpada, que atravessou épocas, não ocorreu por acaso. Esse processo se deu (e se dá) numa trama de relações sociais com a qual nos constituímos historicamente. O viés da culpa não é gratuito. A culpa gera uma limitação da vida e produz uma rigidez na conduta, o que, em última instância, produz um autocontrole sobre os sentimentos, os desejos e os modos de agir de cada um. Emerge, desta forma, um controle social internalizado, e cada um fica como se estivesse engessado, impossibilitado de expandir seus sentimentos e necessidades vitais. Interessa à sociedade em que vivemos esse engessamento dos indivíduos. A culpa impede a vida livre, a ousadia e o prazer, fatores, que multiplicados ao nível social, significam a impossibilidade de controle do processo de vida em sociedade, segundo parâmetros conservadores. A sociedade conservadora não suporta existir sem os mecanismos de controle internalizados pelos indivíduos – a culpa é, assim, muito útil. (p. 53).
Aos educadores o cuidado de não excluir do processo pedagógico os alunos que tem esse caminho como de ascensão social-cidadã. A escola ainda é esse espaço de crescimento pessoal, já que a família, religião e sociedade passam por crises de identidade diante dos novos desafios do século XXI.  







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