Na escola os alunos não tem o direito de errar, quando erram
são punidos com notas baixas, recuperação e reprovação. No passado era muito
pior, a palmatória "comia de esmola", caroços de milho nos joelhos ou de pé com chapéu
de burro em frente dos colegas horas a fio.
A escola é o espaço que permite aos alunos assimilarem os
conteúdos, com direito de errar, no entanto a escola não trabalha com os erros
dos alunos, pune o aluno que errou e classifica–os como bons e ruins.
O castigo físico desapareceu das nossas escolas, porém o
castigo ainda sobrevive com uma roupagem nova, no caso atinge a personalidade
dos alunos. Hoje o professor se vale muito das notas para corrigir os alunos
quanto à disciplina e aos conhecimentos. “se vocês não se comportarem elaboro
uma prova bem difícil para ninguém tirar nota boa...”, ou então, “vou comunicar
aos pais que não estão estudando...” e assim vão as advertências verbais
punitivas. Tais atitudes não constroem a aprendizagem dos alunos, pelo
contrário, transfere aos alunos patologias, fobias e ansiedades. A missão da escola é proporcionar aos alunos
um ambiente saudável, prazeroso, atraente e acolhedor, que permita aos alunos se
sentirem felizes nesse espaço-escola.
Erros são relativos, estamos inseridos numa sociedade de
padrões moralizantes e pré- estabelecidos, fugir desses preceitos é “errado”.
Construímos os conhecimentos errando, o que seria de nós mortais se não fossem
os erros. Os inventores para chegar a uma invenção definitiva erraram n vezes
até chegar ao produto final. Thomas Edison para inventar a lâmpada
incandescente fez várias tentativas até chegar a lâmpada definitiva e pronta
para comercializar.
O erro faz parte da vida, só se aprende errando e buscando o
certo. A escola não pode ser diferente, punir o aluno do processo pedagógico
porque errou é um absurdo. Cabe ao educador interagir com os alunos e procurar
saber por que o aluno não chegou à solução proposta. Muitas vezes o aluno chuta
na trave e por um pequeno deslize “a bola não entra” e o professor pune com
cartão vermelho a questão e não pontuando.
Não estou defendendo que o erro sempre seja necessário na
aprendizagem, o que defendo é que o erro não seja uma coisa punitiva,
excludente e preconceituosa. Que o erro seja trabalhado com os alunos para que
nas avaliações futuras o aluno não caia no mesmo erro cometido na avaliação
anterior.
No passado
passei pela “tortura da palmatória,” no quesito tabuada, eram feitos duas
filas, um de frente para o outro (a). O aluno perguntava, se errasse a multiplicação
a palmatória soava com gemidos, gritos e lágrimas, confesso que nunca levei
porque tinha medo horrível de errar e apanhar, presenciei as meninas com as
mãos machucadas, os alunos não tinham dó, davam com “gosto de gás”.
Muitas vezes
pela correria do dia a dia do professor o aluno corre o risco de questões mal
elaboradas de difícil compreensão, levando os alunos ao erro e a punição.
Algumas considerações devem ser levadas em conta na elaboração de uma
avaliação: sistematicidade, linguagem compreensiva, comprometimento
metodológico do ensino e do instrumento de avaliação e precisão das perguntas.
O erro e
consequentemente a reprovação interessa a ideologia dominante, o mestre
Cipriano Luchesi cita:
“A concepção da vida culpada, que atravessou
épocas, não ocorreu por acaso. Esse processo se deu (e se dá) numa trama de
relações sociais com a qual nos constituímos historicamente. O viés da culpa
não é gratuito. A culpa gera uma limitação da vida e produz uma rigidez na
conduta, o que, em última instância, produz um autocontrole sobre os
sentimentos, os desejos e os modos de agir de cada um. Emerge, desta forma, um
controle social internalizado, e cada um fica como se estivesse engessado,
impossibilitado de expandir seus sentimentos e necessidades vitais. Interessa à
sociedade em que vivemos esse engessamento dos indivíduos. A culpa impede a
vida livre, a ousadia e o prazer, fatores, que multiplicados ao nível social,
significam a impossibilidade de controle do processo de vida em sociedade,
segundo parâmetros conservadores. A sociedade conservadora não suporta existir
sem os mecanismos de controle internalizados pelos indivíduos – a culpa é,
assim, muito útil. (p. 53).
Aos educadores o cuidado
de não excluir do processo pedagógico os alunos que tem esse caminho como de ascensão
social-cidadã. A escola ainda é esse espaço de crescimento pessoal, já que a
família, religião e sociedade passam por crises de identidade diante dos novos desafios
do século XXI.
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