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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Escola Gabriel

Auto-avaliação de um educador – 2010

Sinto-me na obrigação de responder aos pais, alunos, funcionários, colegas de trabalho e ao próprio grupo gestor que só tem olhos para quem faz parte do grupo, do meu trabalho como professor e diretor de turma no ano de 2010. Farei uma breve avaliação do meu trabalho para que seja registrado pedagogicamente e historicamente nos anais da história.
Desenvolvi em 2010 um projeto chamado “Excursões pedagógicas”; esse projeto foi feito quando eu era coordenador de turma e até hoje mantenho aceso a chama desse projeto com ações práticas. É costumeiro todo ano fazermos trabalho de campo com os alunos, nesse ano fomos para Fortaleza conhecer o Teatro José de Alencar, Museu do Ceará e Centro Dragão do Mar, creio que essa aula de campo tem servido aos alunos como conhecimento histórico e cultural. Cabe aqui agradecer aos patrocinadores que ajudaram nesse projeto, deputado estadual Dedé Teixeira, José Airton Cirilo e João Alfredo (vereador de Fortaleza). Marcamos também presença na inauguração do museu de Aracati com os alunos que viram um pouco da história do Aracati, vale ressaltar que a história de Icapui perpassa a história de Aracati, Icapuí já foi distrito de Aracati.
Não paramos aí, na feira de Ciências da escola Gabriel elaboramos um projeto que tinha como tema “Conhecer as ruas para preservar”. As ruas de Icapui levam um nome de um Cidadão icapuiense, se perguntar para os jovens quem foi Enoque Carneiro, Filizolina Freitas, Engenheiro Francisco de Assis, Teotônio de Alcântara... Não saberão dizer quem foi. O projeto foi resgatar essas pessoas que estão no anonimato biográfico. Cada grupo de alunos ficou com uma rua, o trabalho era biografar as pessoas, conseguir uma foto antiga da rua e uma foto recente. Todo esse material foi exposto na feira, trabalho inédito. Envolveu perto de 50 alunos de resgatar esses anônimos esquecidos pela comunidade icapuiense.
Outro projeto que fui incumbido de assumir foi como diretor de turma, na turma noturna – 1º F. Creio que tenha feito um bom trabalho, os alunos avaliaram meu trabalho como ótimo, tenho os dados da avaliação e os nomes dos alunos que participaram, vale ressaltar que os alunos ficaram, sós sem minha presença para não inibi-los na avaliação. Nessa turma F da noite possui menos evadido, se deve a meu trabalho de ir a casa e motiva-los para voltar, conversas particulares e autoridade em sala para manter o respeito em sala. As notas das turmas de 1º anos da noite o F superou as demais, a disciplina melhorou em relação às outras turmas. Dizem que o pior cego é aquele que finge não enxergar...
A minha relação com os professores creio que seja boa, gostam de me aperrear porque sabem que tenho o pavio curto. As nossas discussões são por questões ideológicas, creio que isso não seja crime. Dialogar dialeticamente é salutar ao processo político pedagógico.
Quanto ao grupo gestor nunca briguei ao ponto de sair das estribeiras, quando me chamam discuto de maneira civilizada, apenas uma pessoa que às vezes não engulo porque a sua maneira de abordar é de humilhar, piadas e diminuir o profissional, isso não aceito.
A qualidade das minhas aulas é de excelência, domino os conteúdos com desenvoltura, as minhas experiências e as minhas leituras diárias me permitem não caducar nos conhecimentos atuais. É uma pena que os alunos não dêem o valor necessário as minha aulas.
Quanto aos alunos mantenho uma relação “razoável”, alunos gostam de professor que não cobra, deixa a sala de aula virar festa... Eu sou professor a moda antiga daqueles que manda flores; não permito alunos ouvirem som em sala, atender telefone celular, sair para passear nos corredores, chegar a qualquer hora e entrar em sala, conversas paralelas e gosto da fila indiana, se sou chato por conta disso morrerei assim...
Enfim as minhas faltas às vezes se dão por doença, quando posso justifico, tem momentos que não dá para justificar pela gravidade do problema. É preciso lembrar que o professor não é diarista, ele trabalha para cumprir os 200 dias letivos, se faltou tem obrigação de pagar ou então se desconta. Meu envolvimento nos projetos da escola e os meus me permitiram ganhar 40 horas aulas que serão colocadas nas aulas que devo a escola e a sobra irão para o diário para fechar a minha carga horária, creio que meu papel de educador tenho feito dentro das minhas limitações. Para os críticos deixo uma mensagem do Charles Chaplim: “Não sois máquinas! Homens é que sois”.  

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Para que servem políticos?

Para que servem políticos?
Viveríamos melhor sem eles...




Desde o ano passado que no Congresso Nacional existe uma polêmica em torno do salário mínimo: R$ 240,00 ou R$ 245,00? No bom "senso" ficou R$ 245, 00, cinco reais a mais da proposta inicial. Como disse Paulinho da Força Sindical, “não dá nem para tomar duas cachaças, quer dizer, não dá nem pra uma”.  Ainda por cima esse mísero salário serviu de negociação para o PMDB pleitear mais cargos no segundo escalão do governo federal. O líder do PMDB foi enfático na sua posição governista: “Essa medida tem graves repercussões nos estados e municípios, e o PMDB quer sua bancada unida e consciente na discussão e na votação – apenas isto. Misturar, esse tema como definição de cargos na composição natural do nosso governo é uma absurda e imperdoável irresponsabilidade”.
O governo também mandou seu recado: “Há um problema político-parlamentar. E você não resolve problema político com pressões na área econômica. Resolve-se com pressões na área política. É legítimo que se coloque a eleição para a Câmara, e não o salário mínimo, que é questão econômica”. Ameaçava o PMDB de votar no mínimo acima da proposta do governo. Quem não conhece a trajetória do PMDB se deixa iludir, achando que os peemedebistas estão preocupados com o trabalhador... Pura ilusão, nem tudo que reluz é ouro. 
O salário mínimo quando reajustado se torna polêmico, se arrasta por meses, a bancada dos empresários reclama que se o salário for elevado vai quebrar as empresas, vai gerar desemprego; o governo estrebucha com medo de quebrar a Previdência Social. Enfim,  quem perde é o trabalhador; sabemos que esses políticos não estão preocupados com o povo e sim com suas mordomias, Até as Centrais Trabalhistas hoje estão atreladas ao governo, faz tempo que não vejo uma greve nacional, dizer que as coisas estão melhores com a Era lulista é verdade, mas poderia ter feito mais pelos trabalhadores; Lula sentiu na pele no passado quando era metalúrgico o quanto é triste chegar ao final do mês e não sobrar nada para tomar uma cachaça no boteco.  E nossos representantes em Brasília aproveitam a calada da noite para aumentar seus salários, em menos  de 30 minutos o salário dos deputados federais e senadores estavam consolidados. Aumento de 62%, votação relâmpago, um deputado federal ganhava 16.512,09, com o "aumento" vão embolsar 26.723,13, fora as verbas de gabinete, passagens aéreas, moradia, plano de saúde e gastos administrativos pagos pelo Congresso, por isso tanta briga pelo poder. Toda essa artimanha com requerimento de urgência que furou a fila de outros projetos, tudo muito rápido para não cair nos ouvidos do povo. Esse aumento de 62% tem efeito cascata, servirá de parâmetro para o aumento dos deputados estaduais e vereadores de cada Estado e Municípios.
Quem presidia esse aumento escandaloso era o presidente em exercício da Câmara, Inocêncio Oliveira (PR-PE), assinou a proposta o segundo vice-presidente da Casa, ACM Neto (DEM-BA), o primeiro-secretário, Rafael Guerra (PSDB-MG), o segundo-secretário Inocêncio Oliveira (PR-PE), o terceiro-secretário, Odair Cunha (PT-MG) e o quarto-secretário, Nelson Marquezelli (PTB-SP). Os deputados federais que estavam ausentes não acharam ruins, pois não demonstraram serem contra a esse aumento. Vale ressalta que essa forma de aumentar salários não é a primeira vez que acontece nesses moldes blitzkrieg.
Fi-nal-men-te, o que quebra esse país não é o mísero salário que percebe o trabalhador, e sim a corrupção a olhos vistos, a impunidade que não põe na cadeia esses colarinhos brancos que rouba do povo em benefício próprio. E diga de passagem que esse país não foi quebrado ainda porque é rico de recursos naturais, desde que os europeus pisaram aqui a festança começou e continua até hoje, quando daremos um basta a tanta safadeza, uma coisa é certa,  não é vendendo o voto.






sábado, 15 de janeiro de 2011

Sou Bicho Homem

Bicho Homem




E sou o que sou sem pátria e sem lei
Sou filho cruel, soldado do rei
Nasci caçador, bandido e ladrão
Sou causador da poluição
Sou fogo pegando na mata
Sou lixo jogado no mar
Poeira cobrindo o luar
Sou mãos que apenas consomem
Eu sei que só sei destruir
Mas sinto que vou prosseguir
Oh, mãe natureza, perdão
Sou bicho homem

Eu sei que só sei destruir
Mas sinto que vou prosseguir
Oh, mãe natureza, perdão!
Sou bicho homem.
João Nogueira( sambista )

A partir do momento que o homem sentou na cadeira de rei, e se tornou senhor absoluto da natureza, subjugou todas as espécies ao seu bel prazer, matando e destruindo tudo a sua volta, não percebe o imbecil do bicho homem que a natureza for destruída, vai com ela o bicho homem. Quem coroou o bicho homem para reinar de maneira despótica? Nenhum ser vivo foi consultado por essa escolha nefasta, de onde surgiu esse poder?  Da “Inteligência”, inteligência que se mata por prazer, ganância e estupidez. Encaixa-se bem aqui uma profecia de autor desconhecido: “Apenas quando o homem matar o último peixe, poluir o último rio e derrubar a última árvore, irá compreender que  não poderá comer o dinheiro que ganhou”.
Essa lógica capitalista hoje guia o homem para destruição, é tão óbvio perceber essa insensatez.  O bicho homem tivesse um pouco de compaixão consigo mesmo ou com os que virá habitar esse mundo, teríamos mais responsabilidade no trato com a natureza.
A natureza tem dado recados diretos ao bicho homem, no Rio de Janeiro, na região serrana a natureza se revoltou, foram 548 vidas levadas pelas enchentes, diga de passagem o maior desastre ecológico da história do Brasil. O mundo tem sofrido com terremotos, enchentes, furacões, nevascas e tantas outras intempéries climáticas, no entanto o bicho homem não aprende na escola da vida, por ser rude na aprendizagem.  
Na nossa feliz Icapuí as coisas também acontecem em pequenas proporções, mas a mãe natureza também tem mandado uns recadinhos; as marés têm crescido e derrubado muitas casas. No município não tem uma política séria em relação à preservação do meio ambiente, as leis não são cumpridas, os mangues padecem com construções irregulares, salinas e viveiros de camarão, cadê as autoridades ligadas ao meio ambiente?
Nossa pesca passa por uma crise sem precedentes, toda a economia de Icapuí foi centrada na pesca da lagosta, pescaram de maneira predatória pensando que a lagosta não se acabava, era uma fonte inesgotável, estamos vivenciando na cidade o desemprego, concomitantemente a violência, as drogas, roubos, e o pior de todos os males, deixar de acreditar na esperança. Quando os valores de um povo deixam de existir, o final é o suicídio coletivo.
Algumas décadas atrás os donos de currais de peixes, quando iam despescar era tanta fartura, peixes de todos os tipos, até lagosta era despescada, e hoje?
Nos mangues de Icapuí os residentes que não sai do seu buraco são os caranguejos que nos últimos anos tem sofrido violência do bicho homem, antes do bicho homem descobrir que o caranguejo era bom para tira-gosto, tínhamos de fartura e grandes. Habitat destruído, poluído, fêmeas são trazidas sem misericórdia, o resultado todos nós sabemos, no entanto nos silenciamos, pois é mais cômodo se calar.
As aves migratórias têm nos mangues seu repouso e seu alimento, no dia seguinte levantam vôo e prossegue viagem rumo ao seu destino.
Todos buscam o criador nas coisas mais insensatas possível, no entanto o patrono da ecologia encontrou seu Deus em contato com a natureza, esse bicho homem deixou de ser bicho e se tornou São Francisco de Assis, esse eu assino em baixo.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Quem escreveu o Pentateuco?



O Pentateuco são os primeiros cinco livros iniciais da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Pela tradição religiosa quem escreveu esses cinco livros foi Moisés, mas como pode um morto escrever cinco livros (Deuteronômio 34,5), Moisés teria morrido a mais de 1000 anos. Nossa discussão teológica vai enveredar nesse caminho e provar que Moisés não é o autor do Pentateuco, mas várias tradições que foram simplificadas e juntadas para formar o Pentateuco. O nosso propósito nessa discussão não é difamar a Bíblia, nem “roubar” a fé de ninguém, queremos abrir uma discussão para as pessoas abrirem a Bíblia e ler com senso crítico, tirar da estante esse livro que há tanto tempo não é aberto, empoeirado e esquecido por causa das novelas da globo.
Para a maioria dos evangélicos e católicos a bíblia foi escrita pelos profetas e líderes religiosos inspirados por Deus. Sei que em pleno século XXI esta ingenuidade ainda prevalece. Mas basta ter um pouquinho de cultura  para saber que as coisas não ocorreram bem assim.  As histórias contidas no Pentateuco, (com autoria atribuída a Moisés) foram passadas oralmente de geração para geração e só tiveram seus registros pela escrita a partir  do ano 300 a.C. Quem conta um conto sempre aumenta um ponto. Sabemos  também que na época em que Moisés teria vivido 1300 a.C. a escrita não era algo tão popular assim. Infelizmente, talvez por falta de maiores informações, a maioria dos cristãos ainda acredita que foi Moisés quem escreveu de próprio punho os pergaminhos do Antigo Testamento (Pentateuco) datados entre 300 a.C. a 7 d.C. .
A elaboração dos escritos bíblicos foi feita lentamente, por várias pessoas, em diferentes lugares, dentro de um contexto diverso. Os escritos não estavam por inteiros, eram rolos de papiros que os templos possuíam para ocasiões especiais. No evangelho Lc 4, 17-19, narra que Cristo leu um trecho do livro de Isaías na sinagoga de Nazaré.
O Pentateuco resultado de quatro documentos, a partir da hipótese documentária:
Javista (J, cerca de 950 a.C.), Eloísta (E, século VIII a.C.), Deuteronomista (D, século VII a.C.) e Sacerdotal (P, século V a.C.). Desde então, esta hipótese tem servido de base para a crítica literária do Antigo Testamento. Hoje ela está bastante elaborada, e muitas das vezes cada um desses documentos ou fontes é subdividido em documentos e/ou fontes menores. Vale salientar que muitos aceitam uma fonte G  (do alemão Grundlage, “fundamento”), onde as tradições J e E estão de tal forma fundidas que é impossível separá-las, provavelmente aconteceu na união dos dois reinos:  Judá e Israel. Isto seria indicado pelo uso feito em muitas passagens da combinação Yahweh - Elohim – cerca de 417 vezes.
A bíblia é um mistério, não no sentido místico, mas literário. É gostoso enveredar nesse mundo literário para compreender como esse livro magnífico foi escrito, essa aventura exige conhecimentos históricos, antropológicos, arqueológicos, bíblicos, geográficos, conhecimentos de línguas antigas (filologia), para não acontecer o deslize de tradução errada de karan em vez de keren que significa raios (de luz) em vez de cornos, feita por São Jerônimo para o latim.  Michelangelo, artista renascentista, colocou chifres em Moisés, por ter lido essa passagem errada. A escultura está na igreja de San Pietro in Vincoli, Roma.
Finalmente meu recado para os apaixonados pela bíblia, leia e estude, não é fácil compreender a bíblia. Ler um capítulo, versículo ou livro todo ao pé da letra é suicídio literário, para não dizer burrice. A bíblia passou por tantas traduções que exige do leitor ou do crente (todos que crêem em Deus) um trabalho intelectual para descobrir a mensagem de Deus.
Essa estória de inspiração divina é balela, é para os preguiçosos que não querem compreender a bíblia como deve ser realmente compreendida, com critérios científicos. Se a ciência fosse coisa do diabo, Javé na teria possibilitado ao homem chegar a esse estágio de evolução.
Jesus histórico existiu?


Se você também está se perguntando por que os historiadores buscam evidências do nascimento de Jesus na cidade de Nazaré – e não em Belém, cidade natal de Jesus, de acordo com os evangelhos de Mateus e Lucas –, é bom saber que, para a maioria dos pesquisadores, a referência a Belém não passa de uma alegoria da Bíblia. Na época, essa alegoria teria sido escrita para ligar Jesus ao rei Davi, que teria nascido em Belém e era considerado um dos messias do povo judeu. Ou seja: a alcunha “Jesus de Nazaré” ou “nazareno” não teria derivado apenas do fato de sua família ser oriunda de lá, como costuma ser justificado.
Seu nome, Jesus, uma abreviação do nome do herói bíblico Josué, era bastante comum em sua época. Ainda na infância, deve ter brincado com pequenos animais de madeira entalhada ou se divertido com rudimentares jogos de tabuleiro incrustados em pedras. Quanto à família de Jesus, os pesquisadores não acreditam que ele tenha sido filho único. Afinal, era comum que famílias de camponeses tivessem mais de um filho para ajudarem na subsistência da família. Isso poderia explicar o fato de os próprios evangelhos falarem em irmãos de Jesus, como Tiago, José, Simão e Judas. “As igrejas Ortodoxa e Católica preferiram entender que o termo grego adelphos, que significa irmão, queria dizer algo próximo de discípulo, primo”, diz Chevitarese.
É quase certo que Jesus tenha tido contato com ao menos um líder apocalíptico de sua época, que preparava seus seguidores por meio de um ritual de imersão nas águas do rio Jordão. Se você apostou em João Batista, acertou.
O curioso é que, para a maioria dos pesquisadores, incluindo aí o padre católico John P. Meier, autor da série sobre o Jesus histórico chamado Um Judeu Marginal, o movimento apocalíptico de João Batista deve ter sido mais popular, em seu tempo, do que a própria pregação de Jesus. Os historiadores acreditam que é bem provável que Jesus, de fato, tenha sido batizado por João Batista nas margens do rio Jordão, e que o encontro deve ter moldado sua missão religiosa dali em diante.
Apesar de não haver nenhuma restrição para que um líder religioso judeu tivesse relações com mulheres em seu tempo, ninguém sabe ainda se entre as práticas espirituais de Jesus estaria o celibato. Da mesma forma, afirmar que ele teve relações com Maria Madalena, como no enredo de livros como O Código Da Vinci, também não passaria de uma grande especulação.
O pesquisador Richard Horsley, professor de Ciências da Religião da Universidade de Massachusetts, em Boston, é categórico: a morte de Jesus na cruz em seu tempo foi muito menos perturbadora para o Império Romano do que se costuma imaginar. Horsley e outros pesquisadores desapontam os cristãos que imaginam a crucificação como um evento que causara, em seu tempo, uma comoção generalizada, como naquela cena do filme O Manto Sagrado em que nuvens negras escurecem Jerusalém e o mundo parece prestes a acabar. Apesar de ter sido uma tragédia para seus seguidores e familiares, a morte do judeu Yesua deve ter passado praticamente despercebida para quem vivia, por exemplo, no Império Romano. Ou seja: se existisse uma rede de televisão como a CNN, naquele tempo, é bem possível que a morte de Jesus sequer fosse noticiada. E, caso fosse, dificilmente algum estrangeiro entenderia bem qual a diferença da mensagem dele em meio a tantas correntes do judaísmo do período – assim como poucas pessoas no Ocidente compreendem as diferenças entre as diversas correntes dentro do Islã ou do budismo.
Quase tudo o que os pesquisadores conhecem sobre a crucificação deve-se à descoberta, em 1968, do único esqueleto encontrado de um homem crucificado em Giv’at há-Mivtar, no nordeste de Jerusalém. Após uma análise dos ossos, eles concluíram que os calcanhares do condenado foram pregados na base vertical da cruz, enquanto os braços haviam sido apenas amarrados na travessa. A raridade da descoberta deve-se a um motivo perturbador: a pena da crucificação previa a extinção do cadáver do condenado, já que o corpo do crucificado deveria ser exposto aos abutres e aos cães comedores de carniça. A idéia era evitar que o túmulo do condenado pudesse servir de ponto de peregrinação de manifestantes. De qualquer forma, a descoberta desse único esqueleto preservado prova que, em alguns casos, o corpo poderia ser reivindicado pelos parentes do morto, o que talvez tenha acontecido com Jesus.
O que aconteceu após sua morte? Para os pesquisadores, a vida do Jesus histórico encerra-se com a crucificação. “A ressurreição é uma questão de fé, não de história”, diz Richard Horsley.
Tudo o que os historiadores sabem é que, apesar de pequeno, o grupo de seguidores de Jesus logo conseguiria atrair adeptos de diversas partes do mundo. E foi um dos novos convertidos, um ex-soldado que havia perseguido cristãos e ganhara o nome de Paulo, que se tornaria uma das pedras fundamentais para a transformação de Jesus em um símbolo de fé para todo o mundo. Com sua formação cosmopolita, Paulo lutou para que os seguidores de Jesus trilhassem um caminho independente do judaísmo, sem necessidade de obrigar os convertidos a seguirem regras alimentares rígidas ou, no caso dos homens, ser obrigados a fazer a circuncisão. A influência de Paulo na nova fé é tão grande que há quem diga que a mensagem de Jesus jamais chegaria aonde chegou caso ele não houvesse trabalhado com tanto afinco para sua difusão.

Saiba mais

Livros:
Excavating Jesus – Beneath the Stones, Behind the Texts, John Dominic Crossan e Jonathan L. Reed, HarperSanFrancisco, 2002
O diferencial do  livro está no fato de ele trazer as descobertas arqueológicas mais importantes para que se possa entender como era a vida no tempo de Jesus
Bandidos, Profetas e Messias, Richard A. Horsley e John S. Hansom, Paulus, 1995.
O melhor guia para quem quer compreender os diversos movimentos religiosos e políticos no tempo de Jesus
Jesus, uma Biografia Revolucionária, John Dominic Crossan, Imago, 1995.
Um retrato fascinante sobre o que podemos saber sobre a figura histórica de Jesus escrito por um dos maiores especialistas sobre o tema
Um Judeu Marginal – Repensando o Jesus Histórico, John P. Meier, Imago, 1992
Uma obra corajosa sobre a vida marginal de Jesus em seu tempo escrita com rigor, erudição e clareza.
Jesus de Nazaré, uma Outra História, André Chevitarese, Gabriele Cornelli, Mônica Selvatici (orgs.), Annablume Editora, 2006.
Coletânea de artigos dos maiores especialistas brasileiros sobre o Jesus histórico
Jesus, Coleção Para Saber Mais, Rodrigo Cavalcante e André Chevitarese, Editora Abril, 2003.
Introdução rápida sobre a figura do Jesus na história.



quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Bíblia: Mito ou Verdade?

Muitas vezes me deparo com falsos profetas interpretando a bíblia como se fosse algo fácil de fazer. Imagine um médico operar um cardíaco sem nunca ter estudado medicina. Assim vejo a religião, se “convertem” da noite pra o dia; no dia seguinte já estão nas praças e igrejas berrando para os ouvintes menos informados como se fossem doutores da lei. A religião é uma poderosa ideologia, se não for bem compreendida pode se tornar um horror. Veja as cruzadas patrocinadas pela igreja católica na retomada da Terra Santa, perseguição aos judeus pela própria igreja católica na 2ª guerra mundial; na América latina perseguição aos teólogos que defendiam a teologia da libertação. O teólogo Leonardo Boff é um caso  de perseguição no século XX pelo Vaticano,  na pessoa do atual papa Bento XVI (Joseph Ratzinger), antes de ser papa presidiu a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) (Congregatio pro Doctrina Fidei), no passado correspondia a Suprema e Sacra Congregação da Inquisição Universal que levou muitos inocentes a fogueira.
Antes de a bíblia ser escrita, a tradição era oral, passavam de pai para filho as histórias bíblicas, imagine estas histórias sendo contadas oralmente, muitas coisa se acrescentava ou tirava no calor da emoção, ou até pela memória que é falha. Quem conhece a dinâmica do telefone sem fio entende bem o que narro agora. Muitos mitos foram incorporados aos relatos bíblicos e diga de passagem dos povos politeístas; um para exemplificar, a Epopéia de Gilgamesh: o relato do dilúvio. Se compararmos o relato bíblico do Gênesis com a Epopéia, veremos que ambos os relatos contém muitas semelhanças, uma marcante:
“A deusa então concebeu em sua mente uma imagem cuja essência era a mesma de Anu, o deus do firmamento. Ela mergulhou as mãos na água e tomou um pedaço de barro; ela o deixou cair na selva, e assim foi criado o nobre Enkidu”. (SANDARS, 1992, p. 94).
“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. (GENESIS, cap. 1, ver. 26).
“Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”. (GENESIS, cap. 2, ver. 7).

São tantas passagens semelhantes que no momento fugiria do propósito do texto. O Antigo Testamento é cheio de contradições de datas, de locais, personagens; passagens que se contradizem. No entanto muitos fervorosos pegam os textos ao pé da letra e interpreta livremente, achando que tudo que foi colocado ali é verdade. É muita ingenuidade, por conta dessas interpretações livres muitas gente matou em nome da fé.
Os hebreus sentiram a necessidade de escrever os livros bíblicos no reinado de Davi, vale salientar que foram muitas as tradições que foram incorporadas aos escritos, a Javista(J) por tratar Deus de Javé, a Eloista (E) por tratar Deus de Eloi, tradições do norte e do sul. Além dessas havia outras tradições, Deuteronômica(D), Sacerdotal(P). Essas tradições foram compiladas entre si, dando origem ao Pentateuco. 
A Bíblia ao longo do tempo sofreu tantas traduções que muitos erros foram cometidos; São Jerônimo que foi incumbido de traduzir a Bíblia para o latim cometeu um deslize de tradução,  chegou a dizer que o profeta Moisés tinha chifres (uma confusão com a palavra hebraica karan, que na verdade significa “raio de luz”). Tem um pensamento que se encaixa bem aqui: “todo tradutor é um traidor”. O livro do Gênesis é o primeiro livro da Bíblia, isso não significa que seja o mais antigo, o mais antigo talvez seja o livro de Jó, há controversas. Provavelmente, a mais antiga parte escrita da Bíblia é o Cântico de Débora, que se encontra no livro dos Juízes (Jz, 5). A Bíblia não é um só livro, são muitos livros, diversos autores, até desconhecidos; na época se escrevia um livro e punha o nome da pessoa importante da comunidade, e o livro foi tomando forma a partir do Concílio de Nicéia, século IV, que tinha como tarefa organizar o “cânon”, lista dos livros sagrados, formato atual da Bíblia.
Finalmente diria a esses neófitos da fé, que para se pregar é preciso estudar, de preferência teologia, diria também que religião não é comércio como muitas igrejas fazem para angariar dinheiro dos mais simples e necessitados, que se agarra à religião como tábua de salvação.
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