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sábado, 28 de novembro de 2015

Conversa com Edgar Morin




 No presente debate pedagógico vamos tentar entender os sete saberes do educador francês Edgar Morin sob a perspectiva do século XXI. O intuito é compreender os desafios do ensino básico, nestes tempos de globalização e desagregação planetária.
 As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão. A escola sempre tratou o erro como diagnóstico negativo. Ora, para se chegar a um resultado correto é necessário errar inúmeras vezes até chegar a um resultado convincente, correndo riscos ilusórios. Diz o ditado popular: “Quem não arrisca não petisca”. Em pleno século XXI, com todos os avanços científicos e tecnológicos, os professores não aprenderam ainda a conviver com os erros dos alunos. Numa avaliação escolar, por mais que o aluno se aproxime do resultado, se não chega à resposta do gabarito, o risco vermelho elimina a questão. As tentativas, no caso, não valem nada? A escola foi formatada para não aceitar os erros, herança dos fundamentos cartesianos que foram absorvidos pela educação no século XX.
Outro ponto importante trata-se dos princípios dos conhecimentos pertinentes. A educação fragmentou os conhecimentos na ilusão de compreender melhor por unidades. Na escola os conhecimentos foram divididos em disciplinas: para cada disciplina existe um livro. O mais nefasto dessa fragmentação são as disciplinas, que não interagirem dialeticamente. Os educandos, ao concluírem o ensino médio, carecem de uma visão de totalidade. Por isso muitos deles têm dificuldade em analisar um contexto social nos diversos aspectos, ou seja, econômico, político, cultural...
Ensinar a condição humana: o respeito pelo outro é vital para vivermos em paz conosco mesmos e com outros semelhantes. O trabalho colegiado é mais produtivo. O ser humano [biológico, psíquico, afetivo, social e racional] está inserido num contexto societário nas mais variadas concepções [histórico, econômico, sociológico e religioso]. Neste contexto, nem sempre têm sido favoráveis aos profissionais da educação. No Brasil a educação ainda não é uma prioridade do governo. E quando o grupo não se afina, o trabalho se torna mais espinhoso dentro da escola.
Ensinar a identidade terrena: a Terra-Pátria é o habitat de todos os seres vivos. Os educadores são intimados a discutir em sala de aula os problemas atuais que agridem o planeta. Por sermos “racionais” temos responsabilidades com os outros moradores. Por atitudes erradas, muitas espécies foram extintas e outras se encontram ameaçadas; omitir-se perante estes fatos é um ato de covardia. A ecologia permeia todas as disciplinas do saber. Os efeitos das agressões são visíveis e sentidas pelas mais diversas comunidades espalhadas pelo mundo. As barragens da mineradora SAMARCO romperam-se, deixando para trás rastros de destruição, matando pessoas, a fauna e a flora. O rio Doce era uma fonte de sustento para muito ribeirinhos nas Minas Gerais.
 Enfrentar as incertezas: a nossa vivência terrena é ínfima diante da grandiosidade do universo. As incertezas nos incomodam, pois não temos respostas para as nossas angustias existenciais. Eis os questionamentos que nos acompanham ao longo do tempo: quem sou eu? de onde vim? Para onde vou? A filosofia tenta respondê-los; no entanto, as respostas não saciam a fome das incertezas da vida terrena.
Ensinar a compreensão: tal atitude nos humaniza, em particular o perdão. A aceitação do outro com seus defeitos e qualidades é um exercício diário. A intolerância nos dias atuais tem provocado tantas guerras, atentados terroristas, crimes os mais diversos, quando por um simples diálogo poderia se evitar uma morte. O poder é efêmero, estamos na Terra-Pátria de passagem. A ética do gênero humano: nos dias atuais esta palavra vulgarizou-se na boca dos políticos, demagogos e oportunistas. A realidade circundante é outra: todos os dias a mídia anuncia um escândalo de corrupção na política: os mesmos que estufavam o peito para falar de ética.
 A ética se tornou para alguns um instrumento para chegar ao poder, enganando o povo. Para entrar nos esquemas do Congresso Nacional se criou uma palavra mágica: “Abre-te sésamo”, a saber: só o acessa quem compactua com os desmandos de corrupção. O cidadão, nesse lamaçal, fica sem perspectivas de avaliação, enquadram-se todos os políticos numa vala comum. Ainda temos, contudo, políticos sérios. O que é a antropo-ética? Algo muito simples de ser entendido e vivenciado diariamente nas escolas. “Não faça aos outros o que não deseja que lhe façam!" É esta a essência do que discorre Morin em sua interessante obra.




sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Mente vazia, oficina do diabo





As pessoas regozijam-se, de modo geral, no final de cada ano por mais um ano vivido. A vida é uma grande dádiva da natureza: viver com saúde, percebendo mensalmente o fruto do seu trabalho ($) com dignidade, de bem consigo mesmo e com a vida social; é bom demais. Esses momentos de prazer poderiam chamar de Felicidade (?). As viagens dantescas às quais fomos designados a trilhar [purgatório – inferno], não por opção, mas por imposição do sistema, são recompensadas pelas alegrias do paraíso, embora sejam ínfimos esses momentos, vale contudo a pena de serem aproveitados. No atual contexto de vida a prerrogativa é o mais velho morrer primeiro; no atual contexto societário é coisa do imaginário popular, hoje basta nascer para morrer prematuramente. A violência tem levado tantos jovens na flor da idade a óbito por motivos banais, encantamentos de falsa felicidade advinda pelo consumo das drogas. A sociedade brasileira vive uma epidemia causada pelo consumo do CRACK, barato e de fácil aquisição, que mata os mais vulneráveis racial e economicamente. As classes mais abastadas não estão imunes à praga das drogas, porém possuem condições financeiras para se internar em clínicas de reabilitação. Ao pobre só o abandono das ruas, na melhor das hipóteses; na pior, torna-se alvo de chacinas. As drogas mais sofisticadas como a cocaína, ecstasy, LSD, heroína e outras, os ricos consomem nas baladas noturnas. O próprio álcool, por ser uma droga lícita, penetra nos lares com mais facilidade. Quando o indivíduo cuida, é tarde, se torna mais um dependente químico. As escolas públicas e religiosas do passado são bastante criticadas hoje por alguns educadores modernos, por terem sido autoritárias, 'alienantes', elitistas e manter uma relação vertical, professor-aluno; porém estavam imunes das drogas e de seu poder destruidor. As escolas de outrora sabiam preencher o tempo livre dos alunos com tarefas, esporte, lazer, cultura, religiosidade, família, convivência... Quem foi aluno marista sabe muito bem os momentos de alegria e jamais esquecidos. A atual Educação Pública no Brasil é uma grande falácia, alimentada por uma propaganda midiática paga pelo governo. Os índices estatísticos incriminam a nossa 'pátria educadora', os números não mentem. Ter sucesso na vida é cursar uma faculdade e, por conta dessa “corrida ao ouro de tolo”, os cursos profissionalizantes ficam em segundo plano. O ENEM reforça essa ideia segundo a qual para se dar bem na vida é preciso cursar um curso de nível superior; entretanto, por que não um curso técnico? Uma histeria nacional o exame do ENEM, nada contra, mas é preciso investir nos cursos profissionalizantes. Nem todos querem cursar o ensino superior, mas profissionalizar-se e entrar logo e firme no mercado de trabalho. Um bom técnico hoje numa empresa estatal, como a Petrobras, ganha melhor do que muito universitário. Hoje a educação leiga tornou-se uma negociata: os colégios particulares não estão preocupados em preparar cidadãos, mas robotizar os alunos para responderem alternativas nas provas dos vestibulares. A educação caminha na contramão do desenvolvimento sustentável. A tão sonhada felicidade que todos correm atrás fica restrita a uma minoria, ficando a maioria marginalizada, à mercê do destino dantesco, sem poderem usufruir do paraíso edênico que pertence a todos os mortais. A temporalidade terrena é um lampejo, passa tão rápido; só percebemos quando olhamos no espelho e vemos a quantidade de cabelos brancos na cabeça. Uma reflexão se faz presente: mais um ano se passou e o que eu fiz de concreto para tornar o mundo mais acolhedor? Enquanto as famílias, escolas e sociedade não preencherem esse vazio existencial dos jovens, vamos continuar derramando lágrimas por entes queridos que se foram antes do tempo; aos mais velhos, apenas a difícil missão de enterrar os jovens. As famílias totalmente desestruturadas não CUIDAM do maior patrimônio de suas vidas: a Juventude. Os jovens entregues ao mundo de “mão beijada”, já que o mundo lá fora é uma 'casa de terror'. A escola é teoricamente acolhedora; é bom frisar, porém, que a instituição de ensino não é pai nem mãe, os objetivos da escola deságuam na aprendizagem cidadã. A escola desaparelhada, sozinha não consegue EDUCAR, é necessária a presença dos pais e da sociedade nessa difícil missão de ensinar na contemporaneidade.








segunda-feira, 5 de outubro de 2015

"Eu vou explodir o governo!"



Na minha concepção política o PT não foi formatado para governar, mas para ser oposição. Insisto nesta tese, pois os fatos históricos são contundentes em prová-la.
Todos os governos do PT foram desastrosos em não atender aos anseios do Povo, com raras exceções. No poder o PT perdeu a sua identidade, vejam seu líder maior embriagado, deslumbrado pelos encantos do poder. O Lula não é mais aquela liderança do ABC paulista, juntamente co a cúpula histórica do partido. Os que tiveram juízo [Ética] saíram para trilhar outros caminhos longe dos afagos do poder.
Nas esferas municipal, estadual e federal o PT tem agido com extrema “ignorância política”, se deixou levar pelos partidos fisiologistas. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, todo enrolado nas mais variadas denúncias posa, no entanto, na mídia num papel de “bom moço”. Engessa o governo da presidente Dilma, pondo em risco a governabilidade.
Na atual conjuntura político-econômica o PT tem errado feio e o povo não perdoa, pois o arrocho das contas do governo cai no bolso do trabalhador, que não aguenta mais pagar pelos erros do governo. O povo cansou de ser cobaia para esses economistas neoliberais.
O governo do PT passa pela prova dos nove: se sair ileso dessa é para servir de aprendizagem e, a posteriori, implementar as medidas necessárias para não continuar nesse jogo de tabuleiro com os partidos que existem simplesmente para barganhar cargos e benesses do poder.
O PT preferiu desgarrar-se dos movimentos sociais, os quais levaram-no ao clímax político-eleitoral. Assim, oPTou por andar de mãos dadas com o PMDB e tantos outros sem identidade ideológica.
Na presente crise econômica, quem tem lucrado sem sombra de dúvidas são os bancos, que têm tirado o couro do cidadão com água quente, esfolando-o vivo. Os exportadores também têm sido beneficiados, bom para a balança comercial do Brasil.
A oposição tem ensaiado o impeachment como essa medida radical fosse melhorar a situação econômica; vemos nestas atitudes muito oportunismo eleitoreiro. Na verdade, o momento é de coalizão, pelo bem do Brasil. O momento requer “sacrifícios de todos”; não é justo que só os pobres sejam penalizados por impostos que já sufocam o cidadão. E, pior: o cidadão não vê esses recursos transformados em benefícios sociais.
No nosso caso, além dos problemas econômicos internos, temos os políticos picaretas que tentam de todos os modos prejudicar a condução da economia. Ora, o que está errado é para criticar, mas se aproveitar da situação para tirar vantagens pessoais ou eleitorais, não é saudável para a Democracia.
Na crise econômica mundial os países mais sofridos são os emergentes, os quais já sofrem sistematicamente as agressões do capital especulativo. O presidente da Câmara dos deputados já não tem mais moral mais para presidir essa Casa, enrolado até o pescoço em denúncias; apresenta-se, contudo, na mídia com cara de bom moço. Num país sério este indivíduo já estaria no xilindró e teria sido repatriado tudo o que recebeu de ilegal no decorrer da sua vida política. Mas é 'Brazil'.
O momento é de União pelo bem do Brasil. As diferenças políticas acontecerão no próximo ano (2016), e o Povo é livre para decidir quem presidirá os destinos do País por mais quatro anos.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A carga tributária no Brasil é inaceitável




A atual conjuntura político-econômica no Brasil não vai bem das pernas . O momento das vacas gordas não foi visto com bons olhos. O governo petista desperdiçou e abusou do boom; e agora que a situação econômica se inverteu, sacrifica o povo com mais carga tributária.
O cidadão não aguenta mais pagar tantos impostos, seja direto ou indireto; fosse apenas o IR seria bom, mas as taxas são cobradas em todas as instâncias dos poderes municipal, estadual e federal.
Para tapar o rombo o governo federal ressuscitou a CID dos combustíveis, tentou a CPMF (popularmente chamada de imposto do cheque) e agora o ministro Joaquim Levy deseja aumentar a alíquota do imposto de renda de 27 para 35%.
O brasileiro tem verdadeira ojeriza por impostos, pois não vê os serviços sociais serem realizados a contento. O que presenciamos são muitas mordomias dos políticos eleitos, corrupção e dinheiro público esvaindo pelo ralo.
As soluções para tapar o rombo das contas do governo tem solução, sem que seja necessário mexer no bolso do trabalhador. O Estado brasileiro é laico, de acordo com a CF:
Art. 19.
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I- estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.
Então se faz necessário questionar o seguinte:
Por que as igrejas e partidos políticos possuem imunidade tributária?
De imediato se percebe que o Estado brasileiro passa por um processo de laicização. Não é justo que todos os cidadãos paguem impostos e os bispos e pastores não assumam também o seu papel de contribuinte.E todos sabem que muitos pastores evangélicos já foram pegos com a mão na massa, transportando milhões em vans e helicópteros; e justificaram que se tratava apenas de simplórios dízimos dos fiéis. Vale ressaltar que muitos usam as igrejas para lavar dinheiro público. A bancada dos evangélicos no Congresso Nacional é forte; por isso essas questões de taxação de impostos para as igrejas (seja católica ou evangélica) não passa por discussões. Torna-se assim um grande tabu, como também taxar as grandes fortunas.
A legalidade da não cobrança de impostos é referendado pela CF.
Art. 150.
Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI- instituir impostos sobre: (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993):
a)patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b)templos de qualquer culto;
c)patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.
O governo também tem, pois, que fazer o seu dever de casa, a saber: cortar custos excessivos da supermáquina administrativa. Para acomodar aliados políticos criaram vários ministérios sem necessidade operativa. Os apadrinhados do PT lotam os órgãos federais sem fazerem nada, apenas para defender os desmandos do governo. Enquanto o governo não fizer a sua parte, fica difícil o cidadão acreditar nesse pedido da presidente Dilma Roussef para apertar o cinto; se o cidadão apertar ainda mais vai torar pelo meio.
Todos sabemos que o cenário internacional não é favorável para o Brasil, mas não é desculpa para a criação de mais impostos. O governo errou, não fez os ajustes no momento certo por conta das eleições (2014). Não é justo agora sacrificar os projetos sociais e o bolso daqueles que não têm mais condições de cooperar com o governo.
O governo do PT precisa levantar aquelas bandeiras que defendia antes de chegar ao poder; ou o PT faz as reformas necessárias ou então o Povo fará no próximo ano (2016) pela via democrática ou, na pior das hipóteses, sob duro golpe na Democracia.



Fonte da imagem:  https://blogdoonyx.wordpress.com/2012/10/09/brasil-e-o-pais-do-abuso-na-cobranca-de-impostos-reformatributaria.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

De boas intenções o inferno está cheio








A cidade de Icapuí já vivenciou dias de glória. Padece hoje contudo, navegando por águas tenebrosas, sem rumo e nem porto seguro. Os eleitores (tripulantes) muitas vezes não dão a devida importância ao voto: vendem-se por quinquilharias, resultado imediato; em troca, anos de desmandos administrativos municipais. O senso comum do povão culpa somente os políticos, mas a escolha deles para os cargos eletivos compete ao cidadão através do voto. A cidade sofre da “doença do esquecimento”, a cada dia a população sente os efeitos de uma administração perdida; tudo por falta de planejamento administrativo, tino político e vontade de fazer acontecer. A gestão patina no gelo, sem experiência, e os que ingressam nessa aventura não enxergam os prejuízos que vêm causando à Comunidade. Uma boa gestão municipal busca controle social, planejamento, transparência e senso de responsabilidade dos servidores. Sombras negras pairam sobre a administração, os indivíduos que trabalham nas Secretarias (minoria) estão insatisfeitos com o trabalho, atendem os cidadãos com mau humor, agressividade, negam direitos conquistados pelos servidores; é o caso da licença-prêmio. E, pior, jogam no ostracismo político os cidadãos que criticam os erros da gestão petista (?). No próximo ano (2016) teremos eleições municipais. Quais serão os argumentos que a atual gestão vai usar para convencer os eleitores a votarem no candidato do PT? A argumentação de culpar a gestão passada não cola mais, obras eleitoreiras de última hora já se provou em eleições passadas que tal tática não consegue angariar votos. Em 2016 seria bom que o eleitor amadurecesse politicamente: memória afiada, discernimento e muita ética política. A História tem provado que votar por favores não transforma a sociedade nos quesitos social, político e econômico. A cidade merece um timoneiro que ponha os anseios dos cidadãos no rumo do bem-estar social de seu povo. Na atual conjuntura politica de Icapuí os nomes têm surgido na boca do povo. Resta saber quem tem compromisso sério com a população, ou se se trata apenas de barganha política, projetos pessoais e familiares, ou vaidades pessoais. A priori, as promessas do pleito são bonitas; como diz o ditado popular: “de boas intenções o inferno está cheio”. E Icapuí não aguenta mais aventureiros na condução administrativa da cidade.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Quanto vale ($) uma vida humana?





A humanidade padece de doenças incuráveis na modernidade, a qual pode sintetizar numa palavra: insensibilidade. São fantasmas que veem e ouvem as atrocidades do cotidiano e, no entanto, não se comovem com o cheiro de sangue que paira no ar. As relações humanas, nos moldes em que nossos antepassados vivenciaram, deixaram de existir No presente somos seres anônimos, corremos desesperadamente atrás da sobrevivência e o destino mais certo nos espreita: a morte. A violência do cotidiano desplugou-nos de nossos sentimentos, distanciamo-nos de nossos semelhantes; vivemos enclausurados atrás de muralhas, grades de ferro, câmeras de segurança, alarmes, carros blindados e toda essa parafernália tecnológica de segurança. Nada disso impede, contudo, que sejamos alvejados por uma bala perdida. As redes sociais prometem a “felicidade”, a velocidade em que aceitamos “amigos” e os excluímos das nossas vidas num piscar de olhos. Uma sociedade que tem pressa para chegar a lugar nenhum. Por falta do aconchego humano as pessoas sofrem, padecem de doenças da “modernidade líquida”, ansiedade, depressão e síndrome do pânico. Os consultórios de profissionais da saúde mental não atravessam crises econômicas, estão sempre lotados de pacientes. Outro setor que não reclama da crise são as farmácias; vão muito bem, obrigado aos tolos que se drogam na ilusão de que assim superam os seus problemas existenciais. Nossos pais sabiam viver no aspecto “calor humano”. Nas noites de lua cheia os vizinhos se reuniam para contemplar a lua e partilhar estórias de trancoso. As conversas amigáveis e a segurança de estar no lugar certo na hora certa varavam a madrugada; bons tempos, apesar das adversidades econômicas e políticas. O relógio das rodas de amigos, o cantar dos galos, a hora de dormir. Hoje somos reféns da violência, a cultura do medo alimentada pela mídia sensacionalista que todos os dias invade as nossas casas para mostrar as banalidades nua e cruamente. De tanto presenciar cenas de violência as pessoas não mais sensibilizam-se. Estamos anestesiados, sentimentos de bondade aprisionados num quarto escuro e sombrio do inconsciente. Libertar esses fantasmas do medo não é tarefa fácil: requer uma transformação radical da sociedade; enquanto essa revolução não chega uma mudança de postura já seria de bom tamanho. A vida humana se tornou uma mercadoria diante da sociedade de consumo; aliás, tudo hoje tem um preço, por isso sofremos o pão que o diabo amassou. O futuro é incerto, criamos uma sociedade destrutiva, não-humanitária. O espaço em derredor, a natureza todos os dias agredida pela maldade humana.


quinta-feira, 23 de julho de 2015

Por que existe a burocracia?









 
Muitas são as mazelas do Estado brasileiro que emperra a máquina e não faz funcionar a contento aos mais carentes, no caso os mais pobres. Como diz o ditado popular, a corda quebra no ponto mais fraco, assim é a função do Estado capitalista, tirar dos mais pobres e enriquecer cada vez mais os mais ricos. Poderia enumerar várias situações, vou citar três e aprofundar uma que merece uma discussão. O Estado brasileiro hoje e ontem convive com a corrupção desenfreada, gastos desnecessários e burocratização do serviço público.
Os cidadãos menos esclarecidos culpa o governo do PT por essa marola de corrupção, quem conhece a história do Brasil sabe que sempre houve corrupção no Brasil. Alguns dizem:  O PT roubou mais, os jornais noticiam diariamente corrupção do governo Dilma, algo nunca visto...
Todos os governos no Brasil foram corruptos, no caso do PT algo propositivo tem acontecido, é apuração rigorosa pela polícia federal dos casos de corrupção, batendo na porta dos ricos que imaginavam que nunca seriam pegos com a mão na botija.
O Brasil gastou demais com a copa do mundo para beneficiar empreiteiras e encher os cofres da FIFA.  Concretamente não vejo benefícios deixados pela copa do mundo ao cidadão brasileiro. Muitos elefantes brancos sem operacionalidade funcional, bancado com dinheiro público. Esse “dinheirinho” gasto com a copa se tivesse investido na saúde e educação o cidadão hoje estaria usufruindo de um serviço de qualidade e não estaria morrendo na fila do SUS e terminando o ensino básico com enorme deficiência em matemática e português.
A burocratização merece ser discutida com mais rigor científico, alguns pensam que a burocracia existe para evitar a corrupção e só, e não é bem assim. A burocracia foi criada para impedir e dificultar  que o pequeno (pobre) tenha facilidade para procurar os  seus direitos.   
Um pouco de história para compreender a origem da burocracia no Brasil. A burocracia chegou ao Brasil com Dom João VI e sua corte, em torno de 10 mil pessoas que se acomodaram no Rio de Janeiro. Dom João VI por ser parceiro dos ingleses não aderiu ao bloqueio continental imposto aos ingleses por Napoleão Bonaparte, com medo das tropas napoleônicas fugiu para o Brasil.
O rei para se manter economicamente,  estruturou toda essa burocracia para empregar seus entes e fazer os impostos fluírem com mais leveza aos cofres do rei. Manter uma corte com esse tanto de gente não era coisa fácil, assim nasceu à burocracia brasileira que perdura até hoje.
“Quem não se lembra do ministério da Desburocratização criada pelo presidente João Batista Figueiredo. O Ministério da Desburocratização foi uma secretaria do poder executivo federal do Brasil que existiu de 1979 a 1986 com o objetivo de diminuir o impacto da estrutura burocrática na economia e vida social brasileira. Os ministros foram Hélio Beltrão, João Geraldo Piquet Carneiro e Paulo Lustosa”.
Nos dias atuais com a intermete não tem sentido essa via sacra burocrática para se resolver um problema simples. Tudo deveria ser resolvido num só lugar, bastaria os órgãos do governo estarem conectados simultaneamente, evitaria tantas Xerox e filas quilométricas que o cidadão tem que aguentar na espera do seu número.
Um fato pessoal para exemplificar como a burocracia no Brasil é louca e excludente. Meu CPF foi suspenso por meu título eleitoral conter um erro. O nome da minha mãe é Hermelita e no título estava Ermelita, por conta disso CPF suspenso, bloqueio da  conta bancária no BB, cartão de crédito e impedido de fazer um empréstimo consignado. Aí vem o sofrimento para resolver essa pendência que não foi feita por mim, uma manhã toda correndo no Aracati para regularizar a minha vida. Sem falar no constrangimento que passei ao fazer compras e o cartão não ser aprovado.
Dando ênfase ao que foi discutido no curto e grosso, a burocracia existe para impedir que o cidadão menos letrado tenha acesso aos seus direitos e serve também como cabide de empregos fica inventando burocracia para ter algo para fazer e justificar seus proventos. A natureza agradece quando todas as pendências foram resolvidas na tela do computador, menos papel, menos árvores derrubadas, fica a dica.





segunda-feira, 6 de julho de 2015

A intolerância não condiz com os valores democráticos



De certo tempo para cá se vivencia no Brasil uma onda gigante de intolerância religiosa, ideológica e racial. O Brasil sempre foi racista, mas velado; hoje as ofensas são escancaradas. Com o advento das redes sociais os xingamentos se tornaram diários e quanto mais se dá importância mais a onda cresce, devastando princípios éticos e morais. A própria Presidente é alvo de ofensas, imagine o cidadão... No passado esses conflitos religiosos só tinham conhecimento através da História: idade média; ou no Oriente Médio, palco de várias guerras [judeus versus palestinos], que se estende até os dias atuais sem previsão de término. Aquele Brasil tolerante é coisa do passado, cada vez mais o noticiário nos traz notícias de agressões pelo fato das pessoas não saberem conviver com o diferente. A cor é apenas um detalhe, o bizarro da intolerância é a incapacidade de não enxergar o conjunto de cores. Através das ideologias mal compreendidas muros foram erguidos, campos de concentração construídos e povos foram exterminados: tudo em nome da limpeza étnica. A ciência é bem precisa, a origem humana emana de casais de hominídeos. Com as novas descobertas arqueológicas sabe-se que os Homo sapiens fizeram sexo com raças mais primitivas, que se amalgamaram nas andanças na Terra. O mapeamento genético permitiu compreender que não existe raça pura, somos produtos do meio e da miscigenação processual; então, por que discordar do pensamento plural e politicamente correto? Os alicerces da sociedade brasileira foram construídos com o suor e sangue dos negros, o Brasil foi um dos últimos países a abolir a escravidão (1888). Nós, brasileiros, carregamos no nosso DNA o preconceito com os negros e outros nativos do Brasil, por mais que queiramos disfarçá-lo. Em suma, somos preconceituosos de carteirinha. O negro continua discriminado pela sociedade brasileira, basta verificar o seguinte: Nos presídios brasileiros a lotação maior é de negros ou brancos? No Congresso Nacional a maioria dos parlamentares é de brancos ou negros? Nas Universidades Públicas, quem detém mais vagas? O filé mignon dos cursos superiores, quem cursa? O alto escalão das cortes jurídicas do Brasil, quem ocupa? São perguntas que merecem respostas e compromisso com a dívida social que devemos aos aborígines. Uma sociedade é verdadeiramente democrática quando trata seus cidadãos com equidade, pois discurso demagógico e politiqueiro é balela. Os oprimidos querem ações concretas. O mais triste é quando os oprimidos assimilam o discurso e práxis dos opressores ao chegar ao poder. Na escravidão os feitores negros eram crudelíssimos com seus pares; isso acontecia porque o branco destruiu a identidade dos negros; por faltar à identidade étnica, apropriavam-se da cor branca como sua própria. Até hoje essa concepção de branqueamento existe no meio futebolístico; alguém conhece um jogador negro de futebol que não adote como esposa uma loira? Os negros, por não terem uma cultura sólida, são preconceituosos com sua própria gente; usam o dinheiro como trampolim para se comportarem como os brancos. O futebol, que deveria ser um espaço de lazer, tornou-se uma arena, como no coliseu romano. Uma tremenda idiotice essas torcidas organizadas se armarem e matarem em nome de um time. O jogador hoje é volátil: de acordo com o contrato insere-se nesta ou naquela agremiação; nesse ínterim, os fanáticos se matam, defendendo-os [os canarinhos] com unhas e dentes. Os jogadores de futebol são iguais aos políticos [despolitizados], vão para onde é melhor pra eles. Esses confrontos de torcidas refletem as quadrilhas que se escondem por trás dos times. Em pleno século XXI o cidadão é impedido de expressar suas opiniões, de mostrar sua cor, de vestir a camisa do seu time, de expressar sua ideologia e religião. Ora, se o cidadão é ateu ou o que valha, qual é o problema?
Fonte da imagem: https://www.google.com.br/url

terça-feira, 30 de junho de 2015

Digo sim à democracia e não a tirania


Na democracia a liberdade de expressão é um “direito sagrado”, só os ditadores ao longo da História se satisfizeram no uso da força para domar seu povo. Até hoje nenhum sistema de governo transformou tanto a vida dos cidadãos quanto a democracia. A História nos traz ensinamentos precisos acerca de que o autoritarismo não eleva o espírito humano. Na Grécia antiga, berço da democracia, os cidadãos decidiam o destino político de seu povo. Vale ressaltar que a democracia ateniense não era perfeita, pois o povão não tinha o poder de decisão e os gregos, que nos legaram tantos conhecimentos, conviviam com a escravidão e encaravam tal fato como uma coisa normal. Destaca-se, contudo, essa “democracia”, uma vez que os outros regimes se sustentavam na tirania. Na Idade Média a igreja católica era a grande detentora do poder político e religioso. Nada escapava ao olhar de censura da igreja. A igreja, por deter o conhecimento e ser uma grande senhora feudal, dominava o povo com mão de ferro. Muitos que tinham uma opinião diferente dela padeceram através de torturas ou através das fogueiras inquisitoriais. A Idade Moderna trouxe a ascensão do absolutismo monárquico: uma família se sentiu no direito de governar as outras por possuir muitas terras; tudo com o aval da igreja católica. À nobreza [a elite privilegiada], cabiam as melhores terras e ordenados, regalias como a isenção dos impostos e ascendia aos postos de mando da plutocracia do regime monárquico. O rei Luís XIV chegou ao ponto de dizer, “Eu sou o Estado”. A contemporaneidade se estende até os dias atuais; há inúmeras referências a regimes autoritários que, com toda a revolução científica, não compreenderam o diálogo e a diplomacia como instrumento de união e desenvolvimento dos povos. As guerras mudaram o mundo para pior; muitas vidas foram ceifadas sem sentido por regimes tirânicos. O fanatismo religioso trouxe à tona, em pleno século XXI, o terrorismo sem pátria; ou seja, qualquer cidadão em qualquer parte do mundo estará sujeito a atentados terroristas. Não mais se dialoga, a violência sendo o caminho viável para resolver as diferenças. O Brasil passou por regimes ditatoriais que merecem destaque: o “Estado Novo”, presidido por Getúlio Vargas, torturou e matou. Vale ressaltar o episódio da mulher de Luís Carlos Prestes, Olga Benário, entregue a Gestapo, vindo a morrer num campo de concentração nazista. Nos anos de chumbo [período no qual os militares assumiram pelo poder pela coerção] depõe-se o governo democrático, no caso João Goulart; e assumem o poder. Anos de terror para aqueles que militavam contra a ditadura militar: torturas, desaparecimento de jornalistas e políticos na calada da noite. O presidente militar assim sintetizou o seu governo, “Brasil: ame-o ou deixe-o”. Em outras palavras: ou você abraça o governo ditatorial, ou cai fora do País. Depois de tantos anos de luta e sacrifícios de companheiros que deram a vida para que o Brasil revivesse a democracia, não é possível que partidos políticos no poder e seus pseudo-líderes, representando entidades sem alicerce popular, aproveitem do cargo para amordaçar os cidadãos que pensam diferente e criticam o oportunismo político. Numa cidade pequena como Icapuí não é admissível que figuras decorativas e sem expressão política tentem calar a voz dos cidadãos que ao longo dos anos construíram uma história profissional e política na cidade. Essas atitudes acontecem porque temos um governo títere fraco e um povo omisso das decisões políticas. A liberdade de expressão incomoda todos aqueles que foram acostumados ao mandonismo e às benesses do poder, que temem perder os seus privilégios políticos; por isso se agarram com unhas e dentes ao poder, à sombra e na água de coco, numa redinha armada - contemplando o patrimônio adquirido à custa do suor alheio.

Fonte da imagem: http://livrespensadores.net/wp-content/uploads/2013/02/censura.jpg

sábado, 13 de junho de 2015

Memórias de um Prego

Nos confins do Universo, da estrela mais bela e luminosa, certo dia seu combustível (H) expirou e explodiu, jogando no espaço infinitas partículas de poeira cósmica. - Nessa viagem pelo Universo agreguei-me a outras partículas e, juntos, formamos um belíssimo planeta no qual chamam de Terra. Nas entranhas da terra ficou o Fe adormecido por centenas de anos. Numa manhã uma mão mecânica retirou-me da escuridão e do meu descanso, passeei por esteiras até à luz do dia, jogado num monte de ferro impuro. Quisera eu ter nascido em berço de ouro: estaria nos dedos de um casal apaixonado, ou nas orelhas de uma linda mulher... O vai e vem de caçambas levando o minério para sua última viagem, dali encaminhado para as fornalhas que dão vida e forma aos metais. Assim nasceu o nosso personagem, o Prego, no meio de tantos pregos de cabeça chata. Ele sobreviveu às intempéries do tempo para contar a sua história. O Prego trouxe na sua essência o espírito do sol, percebia os fatos como ninguém. Depois de tomar forma na metalúrgica, foi empacotado com outros pregos e levado para um armazém de construção. Não esperou muito tempo, logo foi comprado pelo carpinteiro “Pedinho”, assim era chamado pelos populares. Pedinho fora incumbido de cobrir uma casa do professor Hercílio, que aos trancos e barrancos construía sua moradia, cansado de pagar aluguel. Prego foi colocado dentro da caixa de ferramentas; ali fez amizade com outras ferramentas: o martelo, o serrote, parafusos, seus colegas metálicos, a fita métrica, formão, enxó, plaina, sargento, marreta, pua, limas, espátula, compasso, alicate; enfim, com toda a família da marcenaria. Todas as ferramentas trabalhavam diariamente, cumprindo seu papel nos quais foram vocacionados. Nesse espaço, o Prego ficava em silêncio; esperava seu momento de glória. Os anos foram se passando, amigos se foram, ferramentas envelheceram e quebraram na labuta dos anos. O Prego envelheceu, perdeu o brilho e a ferrugem consumia seu corpo e sua alma. O carpinteiro Pedinho aposentou-se pelo INSS: agora só fazia trabalhos caseiros e alguns bicos. A conversa na caixa se tornou memorável. O martelo se vangloriava de ter acertado tantas cabeças de pregos em ripas e caibros. Dizia: - Os pregos entram na madeira com gosto de gás. O serrote com seus dentes afiados na juventude devorava a madeira, fosse dura ou mole, não importava, serrava sem piedade, hoje desdentada e o que sobrou de dentes cegos e comidos por ferrugem. As buchas e os parafusos comungavam o mesmo cantinho, no jogo côncavo-convexo. A fita métrica se gabava pela precisão da medida, fruto da sua natureza matemática. E assim, sucessivamente, cada ferramenta do caixote contava a sua história. O prego apenas ouvia, pois seu momento não chegara... No entanto o Prego não perdia as esperanças, sabia que seu dia chegaria. Os anos foram se passando e nada de novidades para o Prego; continuava na caixa, silencioso e a ouvir as histórias enfadonhas das ferramentas. O velho carpinteiro Pedinho faleceu de velhice, ali ficou a caixa de ferramentas esquecida durante anos na estante empoeirada e esquecida. Certo dia, inesperadamente, apareceu na oficina o filho de Pedinho, o Pedro Neto, carpinteiro de mão cheia, que resolveu seguir a profissão do pai. Pedro Neto avistou a caixa de ferramenta, abriu e por momentos relembrou do pai. As lágrimas rolaram do seu rosto e sentia orgulho do pai, homem trabalhador e honesto. Devagar foi retirando as ferramentas: as mais antigas resolveu guardar como lembrança do pai, as quebradas separou para consertar. O velho Prego se juntou a outros metais enferrujados e sem valor da oficina, porém, teve o cuidado de mandar os metais para a reciclagem, para a alegria do Prego. Encaminhado para uma siderúrgica o Prego adquiriu vida nova e de novo corpo de prego. Sabia que tinha nascido prego e assim seria a sua vida até cumprir a sua missão, que até o momento não tinha dado as caras. Novamente empacotado com outros pregos é levado para uma casa de materiais de construção. O dono da loja, Raimundo dos Santos, comprou um relógio para pendurar na parede da loja. Pegou o Prego do saco, o martelo; escolheu um lugar bem visível. Cuidadosamente enfincou o Prego na parede, depois colocou o relógio. O Prego satisfeito, agora segurava o tempo. Os anos foram se passando e a pressa dos homens pelo tempo incomodava o Prego. Percebeu que os humanos eram escravos do trabalho e as horas guiavam os homens às senzalas. Aquilo entristecia o Prego. Não acreditava que a sua missão seria segurar o tempo dos homens. Aquilo precisava se acabar. Então resolveu se sacrificar, deixou o tempo corroer seu corpo. Quando chegou o momento certo deixou se quebrar e, com parte do seu corpo, o relógio despencou no chão se desfazendo em pedaços. A partir daquele momento os homens e mulheres se libertaram do tempo, deixaram de olhar aquela parede vazia. O Prego percebeu, enfim, a sua missão na terra: deixar os homens livres dos grilhões da pressa. O prego deixou de existir, mas feliz por ter cumprido a sua missão. Wellington Pinto

terça-feira, 26 de maio de 2015

Icapuí na idade das trevas medievais

A idade média tem sido injustamente taxada de idade das trevas. Apesar das atrocidades medievais, no caso, a “santa inquisição”; esse período vivenciou um tempo de produção intelectual. Os monges nos seus mosteiros tiveram o cuidado de compilar e traduzir os livros antigos; esse trabalho minucioso, “ora et labore”, permitiu à posterioridade tomar conhecimento da cultura antiga. A cidade de Icapuí já teve seu passado de glória no cenário estadual e nacional, mas ultimamente vive nas trevas em todos os segmentos sociais e políticos. Os recentes [e indecentes] gestores não pouparam a cidade do descaso, incompetência e abandono. Padecemos da peste política. A própria saúde na UTI, faltando o básico no hospital e postos de saúde, a alimentação necessária aos médicos e funcionários muitas vezes vai ao fogo só na água e no sal. O “hospital" desaparelhado, não possui um só eletrocardiograma; vendo mais longe, tomografia computadorizada, ecocardiograma, ultrassonografia, UTI móvel. Na cidade não existe um pediatra, quem atende as crianças são os clínicos gerais [generalistas]. Qualquer unidade desses planos de saúde é melhor que o nosso hospital. Os funcionários do hospital Maria Idalina cumprem suas obrigações na medida do possível, não pode é fazer milagres. A educação que foi vitrine do PT se encontra também numa situação calamitosa. A merenda escolar que é um direito sagrado, faltando por cortes dos fornecedores, alegação por falta de pagamentos; tudo isto é muito triste. Muitas crianças vão para as creches sem o café da manhã, no intuito de merendar na escola ficando as crianças com fome. Ora, não se aprende de barriga vazia. O transporte escolar muitas vezes não tem ido pegar os alunos por falta de combustível e, noutras, por atraso do pagamento aos motoristas. Situação tá preta... A cidade encontra-se nas trevas, literalmente; à noite faz medo sair de casa, a escuridão assombra o cidadão, tornando-o um alvo fácil da bandidagem. É um empurra-empurra da Coelce e PMI, ninguém quer assumir suas obrigações, mas todo mês o cidadão paga a iluminação pública. Há que perguntar: pra onde está indo todo esse dinheiro? Muitas cidades já avançam no consórcio intermunicipal em diversos setores, inclusive nesse. Vai começar a pesca da lagosta e o ancoradouro é um breu só. Muitas obras que nem foram sequer inauguradas, inacabadas; no caso, a creche do Centro, uma linda creche abandonada. eterno puxa-empurra entre a construtora e o Paço. O saneamento chegou à cidade: espera-se que tenha início, meio e fim, que não termine como a Requalificação Urbana (paredão e calçadão) do Requenguela, igualmente abandonado. Os cidadãos reclamam das escavações nas ruas, que têm deixado várias ruas intransitáveis. O correto é terminar o trabalho e imediatamente refazer o calçamento para evitar acidentes e transtornos aos que possuem veículos e não podem guardá-los nas suas garagens. No próximo ano teremos eleições municipais; e aí? qual será a cara desses gestores e políticos quando forem pedir votos ao cidadão icapuiense? Só desejamos que o povo tenha memória, que não se renda a R$ 50,00 e passem quatro anos na peia... Fica a dica de quem verdadeiramente AMA esta pobre-rica Cidade.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Críticos ciclopes

Nos mais variados períodos históricos os pensadores usaram a mitologia grega para explicar certas teorias e acontecimentos sociais e políticos no intuito de entender a “natureza humana”. O pai da psicanálise, Sigmund Freud, esboçou a teoria do “Complexo de Édipo” a partir da tragédia grega de Sófocles. Friedrich Nietzsche no seu livro "A origem da tragédia grega”, discorre sobre a arte (estética e musicalidade. Na filosofia os gregos são uma fonte perene de conhecimentos, sendo até hoje reverenciados nas principais universidades do mundo. Como não poderia ser diferente, tomamos de empréstimo os ciclopes para tentar compreender certas posições políticas de partidários do PT e do PSDB. Os ciclopes eram gigantes de um só olho no meio da testa, trabalhavam com Hefesto como ferreiros, forjando raios usados por Zeus. Os humanos possuem dois olhos e muitas vezes só fazem uso de um: alguns no lado esquerdo e outros, no extremo oposto. Na política temos os críticos ciclopes, só veem o que querem ver; o bolso é mais profundo que o olhar. Os críticos do PT só postam nas redes sociais o passado nebuloso dos tucanos; por sua vez não satisfeito pelas críticas do PT os tucanos metem o cacete no governo da presidente Dilma Rousseff. Tudo torna-se então um disse-que-não-disse que enoja qualquer cidadão de bem. Na minha cidade natal dois críticos quixotescos invadem diariamente o Facebook com suas opiniões unilaterais. Uma crítica tão primária e pobre que só confunde os jovens que não estão preparados para discernir a verdade dos fatos. A vanguarda da esquerda usa esses artifícios nas redes sociais e espalha rapidamente nas curtidas e compartilhamentos. De tanto repetir-se uma opinião, torna-se uma “verdade”; para desfazer isso, só o tempo . O militante apaixonado (alienado) não pode se esquivar de uma crítica ao seu próprio partido. Todos os partidos que passaram pelo poder pisaram na bola e caíram de cara na lama. Nessa história política não existe mocinhos: quem passou pelo poder se sujou, desconhecemos algum de cara limpa. O pior desse “partidarismo brasileiro” (PSDB X PT) é o povo perdido nesse fogo cruzado, sem saber para aonde correr. Vale aqui o velho ditado popular: “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. A classe dominante conseguiu com êxito seus propósitos, enterrando todos os partidos numa vala comum. O PT-esperança (que iria vencer o medo) se borrou todo ao chegar ao poder, nivelando-se, em termos de corrupção, a todos outros. Não resistiu aos afagos do capitalismo. Na sociedade de consumo a vida é um céu para quem detém condições financeiras satisfatórias; quem não gosta de luxar, comprar um carro novo, viver numa casa boa com piscina, comer bem, educar os filhos em bons colégios, viajar em cruzeiros , um bom plano de saúde e ser bajulado pelos colegas? No entanto, perder a dignidade de forma desonesta não condiz com princípios éticos e morais. O poder deve se construir de forma honesta. Apesar do capitalismo ser cruel, o pobre tem a possibilidade de ascender socialmente através dos estudos: basta ter paciência e força de vontade. A blindagem ideológica dos militantes da esquerda não foi eficaz para proteger os companheiros de serem picados pelo encantos do poder. Na atual conjuntura política todos os grandes partidos são farinha do mesmo saco, farinha caroçuda que precisa peneirar para digerir o angu. Muitos críticos ciclopes, por sua liberdade financeira, poderiam serem mais independentes em relação ao Poder Político, menos bajuladores e mais compromissados com a verdade dos fatos. A moeda possui duas faces; devemos, pois, mirar menos na coroa (poder) e fitar mais na cara (povo). Trocando em miúdos: os políticos têm os seus interesses pessoais e não perdem uma boa oportunidade de meter a mão no dinheiro público. Os excluídos da sociedade necessitam de uma análise dos fatos com os olhos arregalados da crítica, para sair desse fogo cruzado; cabe aos críticos escreverem com rigor científico, ética e compromisso; carece mais impessoalidade e menos partidarismo; de modo, caros críticos de um olho só, a nos comprometermos com a Verdade.

domingo, 17 de maio de 2015

Medidas antipopulares do governo Dilma

O PT foi criado para defender os tra-ba-lha-do-res; suas origens remontam aos movimentos sindicais do ABC paulista. Na atual conjuntura política, o PT ora governo virou as costas para os trabalhadores e contribuintes assalariados; tudo que foi prometido em campanha, no caso, não aumentar impostos e retirar direitos trabalhistas, no momento o governo da presidente Dilma cumpre às avessas. É por isso que a oposição fala em “estelionato político”, pois enganam o povo. Os sindicatos que, historicamente, estiveram ao lado dos trabalhadores, atualmente estão atrelados ao governo Dilma, caladinhos, pelegando... Os movimentos sociais foram cooptados pelo governo, não agem sem o “amém” dos caciques do PT - com a palavra final o lúgubre e luxurioso Falcão. A economia encontra-se explicitamente contrária aos trabalhadores e os cidadãos, conquistas históricas sendo derrubadas a toque de caixa, sem discussão prévia com as entidades representativas dos trabalhadores; puderas, silenciadas. Os trabalhadores e os cidadãos não contraíram dívidas e nem meteram a mão no erário, não é justo os mais necessitados arcarem com mais impostos para sanar o caixa da União. Faltou ao governo planejamento, competência e justiça, por isso o país passa por uma crise sem precedentes. Um governo fraco diante de um Congresso sedento de poder, refém dos presidentes da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha e do Senado, Renan Calheiros; ambos do PMDB. Políticos sem escrúpulos que se movem de acordo com interesses pessoais e corporativistas. A única função da oposição é bater no governo, por puro oportunismo eleitoreiro; destarte, não apresenta propostas concretas para tirar o país desse atoleiro; torce é que as coisas deem erradas no fito de assumir o poder na marra. Querem de qualquer jeito mamar nas tetas do Estado como nos velhos tempos, fome voraz de poder; similar a vampiros à busca de sangue fresco. Os trabalhadores navegam à deriva sem atracar num porto seguro. O PT matou a esperança do povo, matou a ideologia de maneira fulminante sem a mesma ter tempo para reagir, matou a própria mãe para se casar com a “madrasta má”. O PT vive de falácias que não mais convencem, venham Lula, Falcão e Guimarães, vez que o povo cansou de tanta sacanagem. No passado o PT mobilizava multidões para impedir medidas antipopulares, agora corre atrás dos dirigentes dos partidos para aprovar pacotes de maldades, oferecendo cargos. O sacrifício de ajustar o caixa do governo deveria começar pela lição de casa, ou seja: reduzir ministérios inoperantes que só servem para abrigar a base aliada (?). O PT, conclui-se, perdeu mesmo a sua natureza e escopo: o de Partido dos Trabalhadores!

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Por que o diferente incomoda tanto?

Uma boa pergunta para começar uma grande discussão. O passado apresenta-nos inúmeros fatos acerca da diferença nos mais diversos setores sociais. Diante do desafio aqui proposto resta-nos exemplificar na História: Na Grécia antiga Sócrates discordou dos deuses atenienses e pregava aos seus discípulos uma postura nova na sociedade; foi acusado e morto. No Egito antigo uma parcela de camponeses percebeu que o faraó não era imortal, mas um homem comum: comia, bebia, ficava doente e morria. Não era,logo, diferente dos outros; discutiam-se no pouco tempo de descanso essas questões cotidianas. Por pensar diferente acabaram excluídos da convivência com os seus pares. Na religião há muitos fatos sobre não compactuar-se com o diferente e essa postura custou a vida de milhões de pessoas. Não existe uma religião oficial como algumas pregam, não existe deus barbudo de olhos azuis e pomposo; trata-se de mero estereótipo criado pelos europeus que durante muito tempo foram os detentores do Cristianismo. Até hoje a Igreja Católica (e outras correntes, como a Evangélica) têm essa dificuldade de conviver com o diferente; no passado os homossexuais eram condenados à fogueira, hoje ao ostracismo religioso. Na convivência de Cristo será que não havia homossexuais? A tradição diz que São Paulo era homossexual e foi o grande apóstolo do ecumenismo cristão. Na contemporaneidade pessoas e instituições deveriam estar mais amadurecidas para conviver com o diferente e, no entanto, a barbárie perdura. O nazismo de Hitler levou milhões de pessoas ao extermínio nos campos de concentração por serem judeus, ciganos, homossexuais, negros e comunistas. Nos Estados Unidos, o baluarte da democracia, o negro é tratado como subclasse; a cor é somente um capricho da natureza que, por questões geno-climáticas, pintou pessoas de cores diferentes, sem o sentido da discriminação social. No entanto os brancos se acham superiores e os negros convivem com essa segregação há tanto tempo. No Brasil até a quantidade de mandioca foi motivo de discriminação, a posse da terra, no caso do latifúndio, ainda tão presente nos dias atuais. A escravidão, abolida há pouco mais de um século (1888) em nosso território sentenciou milhões de negros a trabalhos forçados simplesmente pela cor: vergonha nacional. A ditadura militar também não soube conviver com o diferente em termos ideológicos, no caso a ameaça comunista; assim, torturou, matou e baniu do Brasil quem pensava diferente. Eis os micropoderes com os quais convivemos lado a lado todos os dias; pessoas pobres de espírito, que detêm o poder em grupos, discriminam os colegas de trabalho, pelo fato de os mesmos pensarem diferente e não aceitarem certas posições autoritárias... Será que essas figuras excêntricas não sabem que o poder é efêmero? Os políticos que ascendem ao poder, numa postura de poder eterno, esquecem os eleitores, promessas de campanha, programas de governo e a própria ética. Metem a mão no erário público como fôra propriedade particular. E ai de quem falar, pois em cidadela, o cidadão é perseguido por políticos que dependem de prefeitura para sobreviver: é melhor arrumar a trouxa e partir para outro município. E no palanque fala-se tanto de democracia e de aprender a conviver com o diferente. A educação tem que ensinar tal temática, vez que já não é mais possível convivermos com essas atrocidades do dia a dia; não tem uma área em que o diferente não seja motivo de guerra, brigas, terrorismo...; numa partida de futebol que deveria ser salutar, alguns grupos não aceitam a vitória do outro time, partem para a agressão e depredação do patrimônio público. A própria natureza nos ensina a convivermos com o diferente; o nosso olhar que é de destruição; olhamos a natureza de cima para baixo, porque na nossa cabeça somos melhores que os outros seres vivos e isso nos daria o direito de vandalizar. A pior espécie criada pela natureza foram os seres humanos, que destrói seu próprio habitat por ambição e mata outros animais sem que tenha fome. Isto é, com tantas lições, a nossa classe dominante (e grande parcela dos dominados, alienados à conjuntura capitalista) não aprenderam a conviver com o diferente. Desse modo, o que nos resta? O extermínio.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Na política brasileira "santos" somente quem já morreu

A querela entre o PT e o PSDB (para saber quem roubou mais) se tornou “cantiga de grilo”, pois só serve para confundir o povo e jogar os partidos sérios numa vala comum. No mandato presidencial do PSDB no poder (governo FHC - 1995/2003), o PT fazia oposição ferrenha. Esse governo foi marcado por corrupção e a reeleição foi uma atitude política nada salutar à democracia. Custou aos cofres públicos dinheiro das privatizações que exauriu na compra de deputados para aprovarem a reeleição de FHC. O governo de FHC teve seus pontos positivos no quesito programas sociais. O governo do PT, que se arvorou vir para moralizar a 'res publica' acabou seguindo os velhos caminhos da corrupção; preferiu compactuar o poder com as 'velhas raposas' da política brasileira. Os movimentos sociais que levaram o PT ao poder foram abandonados ou cooptados pela máquina federal. O governo Lula foi marcado pelo Mensalão, antiga prática da 'Casa do Povo'; ou seja, "não se governa de mão fechada". Os programas sociais foram criados e outros ampliados pelos petistas e aliados. A presidente Dilma, no seu primeiro mandato [2011/15] manteve os programas sociais de seu companheiro antecessor. Posicionou-se, contudo, longe dos movimentos sociais e se entregou ao PMDB e outros partidos fisiologistas. Neste atual mandato (2015/19], até o momento o que se observa é um governo atolado na corrupção da Petrobras (Petrolão)e seus quadros políticos envolvidos no esquema da “Lava Jato”. Sem falar na futura CPI do BNDES e dos Fundos de Pensão. Verifica-se, então, que na política brasileira não existem 'santos': quem chega ao Poder honestamente acaba se corrompendo; isto é, sujando o nome; e assim poucos escapam do ‘canto da sereia’, da sedução do "Dr. Real". Os políticos éticos são raros no Congresso Nacional - para nosso alívio e vida longa à democracia (ironiza-se). No entanto esses políticos éticos vivem um ostracismo político, fora do foco da mídia e do poder. O Povo, de certa forma, tem sua parcela de culpa, vez que nenhum político chega ao poder sem uma votação expressiva; e sabemos como funciona o esquema das eleições, de compra desenfreada de votos. O povo prefere vender a sua consciência e seu futuro por ninharia. Desse modo, passará outros quatro anos convivendo com corrupção, vendo a todo momento seus direitos sendo violados pelos deputados, esquecidos daqueles que na campanha prometeram o Paraíso. A solução para esse povo despolitizado, alienado e vendável só pode ser a educação crítico-reflexiva, embasada na filosofia e na sociologia. Na atual conjuntura política o que se vê na mídia é uma briga entre PSDB e PT, digladiando-se no coliseu Brasil, sempre sem vencedores, só vencidos. Porque o grande perdedor dessa 'briguinha de comadres' é o cidadão brasileiro que paga impostos exorbitantes e não tem um retorno social. É por isso que muito cidadão de bem burla as leis, sonegam; por não se verem resultados concretos e palpáveis. O cidadão menos informado politicamente nesse fogo cruzado não entende o que se passa e a mídia 'mete o cacete' no PT, como se ele fosse a origem dos males do mundo político. Quem abriu a caixa de pandora não foi somente o PT, mas todos que passaram pelo poder e não tiveram coragem de dizer um não para a corrupção, Preferiram jogar fora seus princípios éticos e morais em nome do poder. O perdedor Aécio Neves ensaia um impedimento da presidente Dilma, sem fundamentação legal, simplesmente pelo ódio de ter perdido as eleições, não aceitando os resultados das urnas. Aguarda-se as pedaladas fiscais para apurar se aí já teria margem para tal pedido. O senador Aécio Neves deveria cumprir suas obrigações de senador eleito pelo seu Estado (Minas Gerais). A Dilma necessita desgarrar-se do PMDB, que ultimamente só tem criado problemas; ressurgir das cinzas é preciso. Mas para que isso aconteça exigem-se sacrifícios. Enfim, pelo que se observa no cenário político, o PT se entrega cada vez ao PMDB, afundando juntamente com o povo, pois os salva-vidas já foram reservados ao PMDB. Eis a presente conjuntura sócio-política nacional neste início de milênio.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Programa Mais Médicos no Brasil

Historicamente a profissão de médico tem sido muito elitizada. Ingressavam nas faculdades de medicina somente os filhos dos prósperos burgueses do Brasil. No período colonial os filhos dos latifundiários escravocratas eram mandados a estudarem nos grandes centros universitários da Europa. As três profissões de destaque nesse contexto histórico: direito, medicina e vida religiosa. A família que tivesse um filho enquadrado nesses requisitos profissionais era motivo de orgulho e de poder. Aos pobres, o cabo da enxada, pão e roupa de algodão cru. As famílias mais humildes incentivavam seus filhos a ingressarem na vida religiosa, pois era um meio de ascensão social. Na história do Brasil tivemos vários padres revolucionários que se rebelaram contra Portugal e as classes dominantes que asfixiavam o povo através de onerosos impostos. Ao longo do tempo a Educação foi se tornando uma necessidade básica, pelo menos “as primeiras letras”: Art. 1º “Em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos, haverão as escolas de primeiras letras que forem necessárias”, (Lei de 15 de outubro de 1827). O desenvolvimento exigiu uma mão de obra cada vez mais especializada, no caso da indústria têxtil, que deslanchava na 2ª metade do século XX.já que a modernidade exigia uma mão-de-obra mais especializada, no caso a indústria fabril, que deslanchava nos meados do século XX. À medida que o mundo evoluía, o Brasil acompanhava tais avanços; desse modo, a educação tornava-se imprescindível para o desenvolvimento do país. Muitos educadores comprometidos com os mais humildes entraram no campo de batalha para garantir uma educação que contemplasse a todos. Até hoje as elites não apostam na educação para a Cidadania, pois preferem um povo inculto e despolitizado. A revolução tecnológica também forçou o país a investir mais na educação. Os programas educacionais do governo federal, nestes tempos de globalização, têm proporcionado cada vez mais que os filhos dos trabalhadores ingressem na universidade. Hoje as oportunidades para estudar são inúmeras: só não estuda quem não quer. Além dos cursos de nível superior o governo oferece os cursos profissionalizantes. Muitos cursos superiores continuam elitizados, como medicina, odontologia, psicologia e engenharia. Os cursos das áreas de saúde e exatas carecem, entretanto, de aprofundamento filosófico, sociológico e antropológico; os conhecimentos nessas áreas são superficiais, diferente de outros países. Cuba, por exemplo, proporciona conhecimentos sólidos da profissão, mas também preparando os médicos para a vida. Os médicos brasileiros são muito capitalistas: se o paciente não pode pagar uma consulta ou tratamento morre à míngua; e na rede públicas fazem corpo mole, enquanto na particular dão tudo de si. É de se perguntar: onde anda o juramento de Hipócrates? O Programa Mais Médicos “caiu do céu”, tornando possível ao pobre ser atendido nos recantos mais longínquos, onde jamais um médico pôs os pés. Os médicos sentem-se incomodados por este programa e questionam a presença dos cubanos no Brasil. Assim, a elitização da medicina brasileira aos poucos vai sendo quebrada, os cubanos possuem uma postura profissional e compromisso com a Comunidade. Cada vez mais a saúde tem chegado aos mais necessitados e isso incomoda a muitos médicos que se sentem donos do pedaço. O Programa precisa ser ampliado cada vez mais com médicos que queiram trabalhar em qualquer parte do território nacional, de preferência brasileiros, na recusa em contratar médicos estrangeiros. O que não pode é o povo ficar a mercê dos médicos brasileiros corporativistas. A longo prazo esse programa vai popularizar a saúde, vez que torna-se-à universal, como aconteceu com a educação; a saber: o acesso à escola é um direito de todos.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

PT refém do PMDB, até quando?

Deliberadamente o PT se entregou ao PMDB de corpo e alma. Não consegue agora, literalmente, se soltar das amarras asfixiantes do Congresso Nacional, muito mal representado por Eduardo Cunha (Câmara dos Deputados) e Renan Calheiros (Senado). O PT abandonou suas bases políticas sólidas, ou seja, os movimentos sociais, oPTou por trilhar por caminhos curtos e tortuosos, no caso partidos fisiologistas e pragmáticos, partidos sem sustentação ideológica e sem histórico, que se movem pelo tilintar de metais preciosos. No Brasil não se governa sem apoio dos partidos pragmáticos; agora, conchavar de joelhos e ser subserviente às forças do atraso não é compatível com o DNA do PT, que foi forjado na fornalha dos movimentos sociais. O PT demonstrou pouca-vergonha e imaturidade para governar, se rendeu ao poder. A grande esperança do cidadão era o PT chegar ao poder e fazer as reformas tão sonhadas pelo povo brasileiro; no entanto o que se vê são conquistas históricas derrubadas, aumento de impostos, cortes em áreas essenciais como a educação. É preciso que fique bem claro que essas vacâncias financeiras não foi o povão que subtraiu. A corrupção é outra página negativa da gestão do PT, cujos quadros, por fraqueza de caráter, pisaram na bola dando munição à oposição para atacá-lo com toda munição disponível, ao ponto de pedir o impedimento da presidente eleita democraticamente. Diante de tantas denúncias de corrupção, o PT encontra-se fragilizado e suscetível ante a atual conjuntura política. Diante desse cenário caótico o PT ainda é o partido que chegou ao poder e deu voz e vez aos mais pobres. São inegáveis as conquistas do PT em prol dos mais necessitados e esquecidos até então pelas classes abastadas do Brasil. O que não se se esperava, contudo, era que o PT governista passasse a cometer tantos disparates políticos ao ponto de rasgar seu estatuto diante do poder. A sorte foi lançada, ora cabe ao PT escolher se quer os movimentos sociais ao seu lado ou o PMDB. Sempre existe esperança para quem quer sair do atoleiro, porém exigem sacrifícios, cortar na carne as partes necrosadas. Cabe ao PT decidir: ser ou não ser um partido de massa. O estrago da mídia ao PT foi fundo, não se sabe até que ponto os militantes estão prontos para ir às ruas defender o partido em caso de impedimento. Ninguém tem como saber até onde vão desembocar essas CPIs em andamento no Congresso Nacional. Uma coisa é certa: se o PMDB sentir que o barco afunda é os primeiros a abandonar em grande estilo. Nas redes sociais o nome da Presidente é queimado como nos velhos tempos inquisitoriais. Alguns intelectuais tentam defender Dilma, no caso o teólogo Leonardo Boff; mas diante da grande mídia - Estadão, Folha de São Paulo, O Globo, Veja... Que metem o sarrafo no governo, as vozes dos defensores se tornam tímidas. O governo não passa para o cidadão confiança: parece perdido no fogo cruzado, sem ação, não conseguindo avançar nem mesmo em pontos cruciais de combate à oposição que passaram pelo poder e deixaram rastros na calada da noite; o sucesso desse ataque daria fôlego ao governo para aprovar projetos de interesse popular. As medidas impopulares vieram agravar mais ainda o descontentamento da classe média, que se acostumou a viver sem sacrifícios e agora não aceita arrochos que comprometam seu bem-estar. A direita golpista segue à risca o ditado maquiavélico do 'quanto pior melhor', isto é, aproveita o contexto político para atacar. Os cidadãos que não se deixam levar aos apelos midiáticos da imprensa burguesa resistem, à espera de que o PT tome posições firmes dentro do partido e no governo. Que ele renasça qual fênix das cinzas e reinvente aquele partido que representou histórica e legitimamente os trabalhadores.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Vaga-lume solitário

A corrupção no Brasil se enraizou de tal forma que, para tentar cortar o mal pela raiz o cidadão de bem corre o risco de cair no ostracismo político e, na pior das hipóteses, perder a vida. É um câncer que se alastra pelo corpo societário, corrompendo pessoas, instituições seculares, partidos políticos e até o próprio eleitor que vende ‘naturalmente’ seu voto. Os anticorpos sociais tentam reagir, mas em vão; uma minoria absorvida pela maioria corrompida. O cidadão olha de todos os lados e não vê salvação, é muito angustiante essa luta desigual onde não se vislumbra nenhuma luz, nem de um solitário vagalume. O governo, à mercê de corruptores, de joelhos se rende. O povo convive com a corrupção como algo normal, não se indigna mais; esporadicamente rebela-se ao toque das trombetas da mídia. Os revolucionários de ontem se renderam ao sistema capitalista, chegaram ao poder e foram ofuscados pelo seu deslumbre. Os militantes partidários caminham hoje sem rumo, pois perderam o referencial - o líder que conduzia multidões para a luta. O cidadão sem esperança se entrega de corpo e alma aos corruptores. Lutar para quê? Os corruptos aboletados no poder riem do ‘estouro da boiada’ que, sem rumo e sem objetivos, são presas fáceis para o abate eleitoral. Os que ousam frear são pisoteados pelos cascos da ignorância. Alguns se acomodaram, vivem suas vidinhas contemplando o sol nascer e se pôr, cansaram de remar contra a maré. Os ‘bestas’ (como são chamados pelos corruptores), tentam sacudir os que dormem no berço da pátria-mãe; vivem sonhando com uma pátria ética, porém não fazem nada para os fatos se concretizarem. Assim, os seus gritos acabam sendo silenciados pelo cansaço. Um único vaga-lume poderia acender a chama da esperança, ser um farol que conduziria esse povo a um porto seguro. O Lula tornou-se por 3 décadas este ícone, mas encontra-se ora em cheque devido aos diversos escândalos de corrupção, envolvendo diversos ‘companheiros’ de Partido. Tempos sombrios para a nação brasileira, o Estado e suas instituições subjugados por um Congresso corrupto. Raras exceções há, óbvio. Os achacadores do governo, para cumprirem suas obrigações de parlamentares eleitos pelo povo, são movidos por grana para aprovarem projetos do interesse popular. Poucos tiveram a coragem do Cid Gomes; não é nenhum santo, mas teve a coragem de peitar o presidente da Câmara dos Deputados e dizer aquilo que muitos gostariam de dizer e não falam por covardia e interesses pessoais. Foi cabra macho! Nessa terra árida da política brasileira de vez em quando encontramos um oásis que não sacia a sede dos que clamam por justiça no solo brasileiro; serve, contudo, de inspiração e esperança à pátria educadora.

sábado, 7 de março de 2015

O mito da caverna na atualidade brasileira

Hoje acordei com uma dor de cotovelo medonha: não por mulheres, mas por umas aulas de Filosofia que tive no Seminário Marista. Uma aula muito interessante foi a reflexão do Mito da Caverna [Platão]. Na época minha visão era metafísica e cristã. Infelizmente minha visão política não era tão aguçada como agora. Aproveito, porém, agora para analisar a política brasileira e as redes sociais a partir dessa alegoria, para vermos como essa análise continua tão atual. Eis uma breve síntese do Mito para o leitor se situar na discussão: “Imagine uma caverna e dentro dela pessoas que nasceram e cresceram nesse espaço, todos acorrentados e presos, longe do mundo exterior. Na caverna apenas uma fresta por onde passa um feixe de luz. Os seres só veem a parede da caverna e nela espectros e vozes; pensam, pois, que essas sombras advindas do mundo exterior são reais. Um dos homens consegue fugir e ir de encontro com o mundo exterior. Nesse contato percebe que tudo que via na parede eram apenas sombras e fantasias. Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação extremamente enganosa em que se encontram, correrão sérios riscos - desde o simples fato de ser ignorado até, caso consigam, ser agarrado e morto por eles, que o tomarão por louco e inventor de mentiras”. Eis o grande dilema de quem tenta conscientizar o povo. Meus escritos nem sempre são compreendidos e muitas vezes ameaçado por represálias, e até perseguido por pessoas que estão no poder e não aceitam críticas. Numa democracia os governantes precisam aceitar as críticas que advêm de quem pensa de modo diferente. Já imaginou se todos os seres humanos pensassem de um modo padronizado, o que seria dos mortais? O belo da democracia é permitir pensamentos múltiplos, alternância de poder e oportunidades iguais para todos, sem nenhum tipo de preconceito. Nem tudo que escrevemos é verdadeiro, mas no meio de tantas orações existe uma vontade de acertar e conscientizar a massa para perceberem que existe um mundo exterior sem alienação, palpável aos sentidos. Quando me deparo com a mídia audiovisual recordo da Alegoria de Platão; vejo tantas pessoas acreditarem que o que veem na TV é verdadeiro: nos telejornais, novelas, documentários, demagogias dos políticos, programas partidários, políticos com suas promessas de campanha, anúncios dos governantes tentando enganar o povo. É uma pena que nem todo mundo teve a oportunidade de ter uma formação filosófica; se bem que a própria escola não prioriza essa disciplina. Por isso, há tantos 'cegos' em nossa sociedade,pensando que o mundo é feito somente de sombras. Os políticos são os mais mentirosos: apresentam para o povo apenas sombras e muitos acreditam que o mundo real é esse, propagado por eles, que ludibriam o povo em benefício próprio. Sobem no palanque, discursam com uma oratória que se dilui na primeira brisa da manhã. Vejo essa plateia como os prisioneiros da caverna a imaginar que tudo que eles falam é verdade. .De modo geral a sociedade capitalista é uma grande enganação. A sociedade é um grande telão, ali é apresentado ao público o que interessa aos grandes grupos econômicos que não estão nem aí para o Povo. A natureza, a esperança, dias melhores... Nada disso sensibiliza-os: o que vale é o lucro imediatista. As redes sociais na internet são a grande ilusão do momento. No fundo as pessoas gostam de ilusão, porque o sofrimento é menor; nem todos nasceram para encarar a realidade nua e crua. Como dizem os mais velhos (sábios): "É preciso sangue no olho para encarar a vida". De todos os segmentos da sociedade não existe um tão maléfico como as redes sociais; sem menosprezar o lado bom das redes, mas existe muita mentira por trás dessas redes que fazem de tudo para enrolar o povo. O Mito da Caverna foi uma alusão ao filósofo Sócrates, que tentou conscientizar a juventude de seu tempo e foi morto, acusado de corromper a Juventude. Hoje tantos mártires tentam lutar por uma sociedade mais justa e acabam mortos pelos que detêm o poder político e econômico, mas a luta continua... Só abandonam, portanto, a luta os covardes e os interesseiros.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A Escola como Instituição disciplinadora

O livro do filósofo francês Michel Foucault, “Vigiar e Punir”, no terceiro capítulo trata da disciplina, especificamente na escola. A função da disciplina é tornar os “corpos dos alunos dóceis” e no futuro vão se adequar as necessidades do mercado. Por experiência e conhecimentos vou enfocar a escola como instituição disciplinadora. Na escola o horário é sagrado, serve para moldar os alunos, o tempo é dividido em etapas cronológicas ( horas para entrar em sala, intervalos, hora-aula e o toque final que dispensa os alunos à suas casas). As carteiras escolares são colocadas em fila indiana, conteúdos pré-estabelecidos, regras de convivência na instituição, enfim todo um aparato pedagógico que garanta a submissão dos alunos. “Uma multidão confusa (alunos) em uma multiplicidade organizada”. Qualquer desvio de conduta os alunos são punidos pelo BO ( boletim de ocorrência), assim batizaram os alunos da escola Gabriel Epifânio dos Reis, no Município de Icapuí. Além desses mecanismos disciplinadores temos ainda a vigilância dos gestores, professores e seguranças que ficam no portão. O filósofo Michel Foucault denomina uma terceira tecnologia, o biopoder. O biopoder controla a vida dos cidadãos diante do “Estado de bem-estar social”, já que os indivíduos foram disciplinados e individualizados, agora o Estado vai cuidar desse cidadão com programas sociais, os mais variados. Na visão de Foucault as sociedades modernas atuam diante dessas duas tecnologias de maneira simultâneas: disciplina e o biopoder. No século XXI houve uma abertura para os alunos, é possível cursar o ensino médio pela TV ou pela internete. Aos poucos o confinamento dos alunos no espaço-escola vai sendo substituídos por cursos à distância. No entanto a vigilância não deixa de existir, hoje com os avanços tecnológicos na vigilância, ninguém escapa dos olhares das lentes de segurança, que posicionadas discretamente captam os nossos passos simultaneamente. Qualquer cidadão é “fichado” ao fazer uma conta nas redes sociais ( face, twitter, zap...), compras on-line, conta bancária... Os cidadãos são vigiados também por satélites, câmeras inteligentes, selfie, imagens que se espalham pela internete instantemente. Os meios de transporte com suas vias de locomoção (estradas) padronizadas e monitoramento por GPS via satélite, localiza o condutor em qualquer parte do planeta. Toda essa vigilância tem objetivos bem definidos, manter os indivíduos dentro dos olhares dos grupos dirigentes. Diante uma câmara qualquer cidadão se inibe, não ousa ultrapassar os limites permitidos pelos burgueses. O que fazer? Dizer não para a massificação capitalista que enquadra todos no mundo do consumismo. Infelizmente temos que con-viver com o Estado capitalista, no entanto viver com hombridade, não deixando levar pela onda do consumismo desenfreado. Consumir o necessário já um grande passo, pois quebra a espinha dorsal do sistema que incentiva a consumir sem precisão; se faz urgente reinventar uma nova sociedade, pautada na ética-cidadã.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Aracati: Dois carnavais numa só alegria

O mais apropriado é dizer que Aracati possui dois carnavais, que acontecem simultaneamente: no caso, o carnaval tradicional e o moderno. Carnavais distintos em vários sentidos que merecem uma lúcida reflexão. O carnaval moderno, puxado por trios elétricos, criação baiana, flui na Rua Coronel Pompeu; todo ano é um sucesso de público, só que, os foliões dos trios são, em sua grande maioria, pessoas de fora, que vêm curtir o carnaval de Aracati. Já os jovens aracatienses, em termos culturais, pouco se vê, pouco importa; o povão quer mesmo é se esbaldar e esquecer por uns dias as fadigas do dia a dia - e nada melhor do que o carnaval. Esse que é puxado por trios é necessário para atrair foliões de outras cidadelas para o nosso Município, vez que buscam animação, liberdade sexual, calor da Avenida, momentos prazerosos (maior parte regada com drogas lícitas e uma minoria que se vale de drogas ilícitas) e muito Axé dos trios e paredões de som. O carnaval tradicional é bem diferente porque faz diversas releituras do passado carnavalesco do Aracati, com seus blocos, marchinhas e personagens que marcaram o carnaval antigo do Aracati. O público-alvo são famílias nativas ou os que moram em outras cidades, porém todo ano estão na calçada com suas famílias prestigiando o carnaval tradicional. Pessoas de todas as idades estão lá curtindo as marchinhas puxadas por instrumentos de sopro e percussão como nos velhos tempos de glória dessa terrinha chamada Aracati. Os foliões com certo nível cultural marcam presença nos diversos blocos que se revezam nesses dias de animação. A Rua grande com seus casarões é um cenário a céu aberto que casa muito bem com o carnaval tradicional. Os blocos antigos como Malandros do Morro, Caveira, Cabe + 1, Os índios e tantos outros trazem à tona lembranças do passado daqueles que já participaram desses blocos; muitos desses foliões e folionas já se foram, mas as lembranças permanecem nítidas nesses paralelepípedos que guardam muitos passos que fizeram dessa Rua um palco de alegria. Durante boa parte do ano a Rua Grande permanece em silêncio, como estivesse em concentração para o carnaval, sem vida e pouca iluminação. Os casarões fechados parecem abrigar fantasmas que ficam atônitos quando chega o carnaval, porque são obrigados a saírem para dar lugar à alegria. Um velho costume se mistura nesse carnaval cultural: as famílias se reúnem na frente das casas para conversarem e verem os blocos passar com os novos componentes. Os saudosistas caem na folia e acompanham os blocos da sua simpatia e que no passado brincaram nesses blocos históricos. Vale ressaltar que muitos amores rolaram nesses carnavais e muitos consumados no casamento. Tanto o carnaval moderno como o carnaval tradicional se completam, ambos têm a sua importância. Os carnavais do Aracati agradam a gregos e troianos; daí que, a cada ano, a cidade atrai mais turistas para o Aracati, sem perder as suas tradições. O carnaval do Aracati é o melhor carnaval do Ceará e um dos melhores carnavais de rua [praia] do Brasil. Apesar de muitos meios de comunicação tentarem esconder o nosso carnaval, dando ênfase ao carnaval de Fortaleza. A TV Verdes Mares pouco falou do carnaval do Aracati. Nenhuma cidade do Ceará tem o potencial de fazer um carnaval com todos os requisitos que o Aracati possui: aqui há belas praias, orla magnífica, acomodação via pousadas ou casas de família. Canoa Quebrada, praia paradisíaca, uma Rua Broadway - Dragão do Mar que é um cenário aberto à hospitalidade, história, cultura e tradição; não sou bairrista, mas não reconhecer esses atrativos seria covardia. Um carnaval do tamanho do Aracati tem suas falhas, mas nada que atrapalhe a alegria do povo. Que os erros sirvam de aprendizado para que no próximo ano façamos um carnaval muito mais bonito, de modo que os turistas que vieram prestigiar o nosso carnaval saiam satisfeitos, pois a propaganda feita pela boca do povo repercute por mais tempo e possui solidez. Aracati: História e Alegria de Momo, Evoé!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Povo unido jamais será vencido

O povo brasileiro é muito festivo e religioso, porém no quesito política não se interessam, aliás, detestam-na; mais: alienam-se a ela. Esse posicionamento do brasileiro em relação à política tem causas históricas. Desde que o Brasil se consolidou como uma nação “livre”, os políticos sempre sacanearam com o povo e aos poucos os brasileiros foram perdendo o gosto pela política. Toda essa estratégia negativa em relação à política foi montada pelas classes dominantes para afastar o povo das decisões políticas. Os seres humanos não podem negar a sua natureza intrínseca como ser-político; não fosse a política os homens estariam ainda dependurados em árvores vendo o tempo passar... As pessoas menos esclarecidas restringem o termo Política ao caráter especificamente partidário. entendimento compreensível, vez que os partidos políticos no Brasil são tudo "farinha do mesmo saco", e farinha ruim, daquela caroçuda que quando entra no buraco do dente, ai, ai... O PT era a esperança de muitos trabalhadores que depositaram confiança na sigla. No entanto, alguns partidos como o PSOL e outros levantam a bandeira da moralização política; o problema é chegar ao poder e não se deslumbrar, transformando-se, isto sim, numa nova decepção político-partidária. Enquanto não se fizer uma reforma política séria continuaremos a conviver com essas manchetes de corrupção. E o mais importante é a participação popular: cobrar dos políticos seriedade na política. O brasileiros é muito acomodado, cruza os braços ante essa avalanche de corrupção e fica a ver navios; isto é, não tem sangue limpo e quente para a política. Os brasileiros têm muita facilidade para se organizar para o carnaval, copa do mundo, festas religiosas... para questões políticas,todavia, não conseguem parar o Brasil. O brasileiro precisa acordar, “deitado eternamente em berço esplêndido”, nem a Branca de Neve ficou eternamente dormindo... O eleitor brasileiro não tem tradição de cobrar dos políticos, até porque muitos se vendem por merreca; preferem ficar na peia durante quatro anos a ver as coisas funcionando eficaz e coletivamente. Diante de tanta corrupção não é justo o brasileiro pagar as contas do governo por falta de planejamento e roubos. Os cidadãos precisam descruzar os braços e irem pra ruas protestar; para isso, temos as redes sociais como canal de organização e articulação. As redes sociais são vitais para movimentos diversos em várias partes do Brasil; entretanto, por que não prioriza a luta por uma "reforma política já"? A elite política teme o povo organizado. Nos tempos ditatoriais o povo ia para ruas protestar, as forças coercitivas reprimiam o povo; diante de tanta repressão o povo resistia. É de se perguntar por onde anda as entidades representativas: CUT,MST,UNE,OAB,CNBB...? Amordaçadas pelo poder petista? Hoje, com essa abertura política o povo se acomodou, sofre o pão que o diabo amassou e parece que nada acontece de ruim no Brasil. Pagamos altos impostos e não temos o justo retorno social. Na Grécia o povo cansou dos partidos tradicionais e das medidas de austeridade, elegeram Syriza na esperança de dias melhores para o povo grego. A Espanha tem atravessado momentos de recessão: o governo baixou salários e cortou direitos trabalhistas, sacrificando o povo. A resposta veio através do movimento dos Indignados, que têm como slogan, "a classe política não nos representa”. Desse movimento surgiram lideranças que criaram o partido Podemos que tem crescido vertiginosamente. O partido Podemos, que vem tirando o sono da elite financeira na Espanha. Que esses bons ventos soprem em solo brasileiro e que as mudanças necessárias sejam feitas pelo povo; esperar que a elite faça é o mesmo que colocar a raposa para tomar conta do galinheiro.
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