Maçonaria: Das origens ao Aracati
Introdução
A construção desse texto exigiu muita leitura para montar esse quadro de fatos históricos ligados à maçonaria a partir de mosaicos que nas mãos do pedreiro foi dando forma ao conteúdo. Não é todo pedreiro que assenta mosaico, exige muita perícia e habilidade para no final se chegar ao resultado desejado. No texto não possui nenhuma surpresa, fui escrevendo e copiando pedaços que no final se transformou nessa obra literária (?) que não só pertence a mim mais a vários pedreiros que ousaram escrever a história da maçonaria. Muitos pedaços foram copiados e colocados nessa parede, outros lapidados, e tantos outros se quebraram e se perderam no tempo. Espero que outros interessados ponham a mão na massa e termine essa obra inacabada, principalmente no que se refere aos fatos do Aracati, que precisa muito de obreiros que tenham a ousadia de escrever essa história que me propus, e tantas outras do Aracati. O Aracati é um canteiro de obras esperando que os jovens pensadores se empolguem e construam a sua história. Um jovem sem história é um jovem sem memória, presa fácil nas mãos da classe dominante e oportunista de toda índole.
A MAÇONARIA NA EUROPA
Lendo o livro “A maçonaria em Aracati” do empresário e historiador Antero Pereira Filho me atrevi de aprofundar algumas idéias desse livro que no meu ponto de vista é uma semente que precisa ser cuidada para crescer e trazer frutos para a história do Aracati. Nesse artigo usarei o método dedutivo, partirei das origens da maçonaria na Europa, aportando no Brasil, pisando no Ceará e tentando viver no Aracati. Esse é o nosso propósito nessa viagem histórica.
A maçonaria tem suas origens nas antigas corporações de mestres-pedreiros construtores de igrejas e catedrais, corporações formadas na idade média. A palavra maçon vem do vocabulário francês, significa pedreiro.
Na idade média qualquer ofício necessitava que o interessado em exercer alguma profissão passasse por etapas de aprendizagem, até chegar ao posto desejado, no caso para ser pedreiro o neófito necessitava labutar até pôr a mão na massa e fazer parte da corporação. Os pedreiros eram homens privilegiados, pois detinham conhecimentos os mais variados, pois para erguer uma catedral ou um palácio necessitava de habilidades sólidas. Nas construções das catedrais começaram a se organizar através de sociedades secretas, nesse momento podemos chamar os maçons de operativos, pois suas preocupações eram matérias, trabalhadores especializados. Nessas sociedades guardavam seus segredos de construção a sete chaves para não cair nas mãos de outros que não participavam das corporações de ofício.
Na idade média os alquimistas eram perseguidos pela igreja, na atual conjuntura a igreja era a grande senhora feudal, detinha tanto o poder material como o espiritual. Os alquimistas muitos deles eram pensadores e fazia críticas ao obscurantismo da igreja católica, por isso eram perseguidos e foram buscar refúgio nessa sociedade secreta, pois a mesma gozava de privilégios e por conta disso estavam livres da inquisição, mas nem todos eram aceitos na irmandade.
No século XVI a Rosa Cruzes veio se juntar aos maçons. Aos poucos os rituais das Rosa Cruzes foram introduzidos na maçonaria, no caso o esoterismo, teosofia, alquimia e outras ciências ocultas que passaram a predominar, e alguns símbolos foram absorvidos pelos maçons.
De todos os movimentos políticos e sociais na Europa teve a maçonaria presença marcante, a Revolução Francesa e a Independência norte-americana. O primeiro presidente norte-americano George Washington foi maçom e os presidentes que o sucederam.
As primeiras corporações Maçônicas: As grandes lojas da Inglaterra (1717), Irlanda (1726), França (1728), Escócia (1736) foram as principais na Europa.
A MAÇONARIA NO BRASIL
Inconfidência Mineira:
O primeiro momento histórico brasileiro em que se tem notícia da participação da Maçonaria foi o da Inconfidência Mineira, ocorrida em Vila Rica, Minas Gerais, em 1789. Desejando a separação da capitania das Minas Gerais de Portugal – os mineiros não toleravam mais os mandos e desmandos do reino português – e utilizando o mesmo lema das Lojas Maçônicas francesas no planejamento da Revolução Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade), a Inconfidência Mineira foi precursora da Independência e da Proclamação da República do Brasil.
Apesar do fracasso do movimento, a morte de Tiradentes, em 21 de abril de 1792, não foi em vão, pois os ideais de emancipação e independência começaram a ganhar força na sociedade colonial, principalmente entre os maçons, que não toleravam mais a corrupção que assolava o Brasil.
Durante esse período, Lojas Maçônicas foram introduzidas no Brasil através dos ideais iluministas adquiridos pelos estudantes brasileiros que se formavam na Europa, principalmente em Portugal, França e Inglaterra, onde as idéias de Montesquieu, Voltaire e Rousseau davam as novas diretrizes políticas e sociais ao mundo.
Apesar das perseguições da Coroa portuguesa, as Lojas Maçônicas foram surgindo no Brasil, principalmente nos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro e Bahia, sendo que a maior parte mantinha ligações estreitas com o “Grande Oriente” francês, que tinha profundo interesse na emancipação política da colônia portuguesa, na independência do Brasil. A um observador atento percebe um dos símbolos da maçonaria na bandeira das minas Gerais, o triângulo.
Conjuração Baiana:
Os revoltosos pregavam a libertação dos escravos, a instauração de um governo igualitário (onde as pessoas fossem vistas de acordo com a capacidade e merecimento individuais), além da instalação de uma República na Bahia e da liberdade de comércio e o aumento dos salários dos soldados. Tais idéias eram divulgadas sobretudo pelos escritos do soldado Luiz Gonzaga das Virgens e panfletos de Cipriano Barata, médico e filósofo.
Finalmente, no dia 8 de Novembro de 1799, procedeu-se à execução dos condenados à pena capital, por enforcamento, na seguinte ordem:
Soldado - Lucas Dantas do Amorim Torres;
Aprendiz de alfaiate - Manuel Faustino dos Santos Lira;
Soldado - Luís Gonzaga das Virgens; e
Mestre alfaiate - João de Deus Nascimento.
Os demais envolvidos foram condenados à pena de degredo, agravada com a determinação de ser sofrido na costa Ocidental da África, fora dos domínios de Portugal, o que equivalia à morte. Foram eles:
José de Freitas Sacota e Romão Pinheiro, deixados em Acará, sob domínio holandês;
Manuel de Santana em Aquito, então domínio dinamarquês;
Inácio da Silva Pimentel, no Castelo da Mina, sob domínio holandês;
Luís de França Pires em Cabo Corso;
José Félix da Costa em Fortaleza do Moura;
José do Sacramento em Comenda, sob domínio inglês.
Cada um recebeu publicamente 500 chibatadas no Pelourinho, à época no Terreiro de Jesus, e foram depois conduzidos para assistir a execução dos sentenciados à pena capital. A estes degredados acrescentavam-se os nomes de:
Pedro Leão de Aguilar Pantoja degredado no Presídio de Benguela por 10 anos;
O escravo Cosme Damião Pereira Bastos, degredado por cinco anos em Angola;
Os escravos Inácio Pires e Manuel José de Vera Cruz, condenados a 500 chibatadas, ficando seus senhores obrigados a vendê-los para fora da Capitania da Bahia;
José Raimundo Barata de Almeida, degredado para a ilha de Fernando de Noronha;
Os tenentes Hermógenes Francisco de Aguilar Pantoja e José Gomes de Oliveira Borges, permaneceram detidos por seis meses em Salvador;
Cipriano Barata, detido a 19 de Setembro de 1798, solto em Janeiro de 1800.
Revolução Pernambucana:
Mais uma vez os ideais republicanos tomam conta do coração de maçons brasileiros. A revolução iniciou-se com um incidente em um quartel da artilharia, quando o capitão José de Barros Lima mata um brigadeiro português e liberta os presos políticos. No dia seguinte, 07 de março, constituem-se um governo provisório, composto do padre João Ribeiro de Melo Montenegro, capitães Domingos Teotônio, Jorge Martins Pessoa, João Luis de Mendonça, coronel Corrêa de Araújo e Domingos José Martins e o padre Miguelinho, todos os maçons.
Medidas liberais foram decretadas, como a adoção de uma bandeira republicana e a elaboração de um projeto de Constituição, na qual se incluía a tolerância religiosa e a emancipação da escravidão.
Mais uma vez a rebelião foi reprimida e seus conjurados executados, sobrepondo-se novamente o regime monárquico.
Um outro nome de proa nesse movimento, além dos maçons mencionados, foi o de Antonio Carlos de Andrada e Silva, irmão de José Bonifácio de Andrada e Silva, levado preso para a Bahia, longe do palco da insurreição.
A Independência do Brasil(1822):
"A Independência do Brasil foi realizada à sombra da acácia, cujas raízes prepararam o terreno para isso..." (História Secreta da Maçonaria - Cristiano Barroso).
A independência do Brasil começou a ser desenhada com a volta de Dom João VI a Portugal, deixando seu filho, Pedro de Alcântara, como príncipe regente.
O príncipe Dom Pedro, jovem e voluntarioso que aqui permanece, foi envolvido por homens de bem, maçons que constituíam a elite pensante e econômica da época.
Em 09 de janeiro 1822, o maçom José Clemente Pereira pronuncia um eloqüente discurso pedindo ao príncipe que não volte a Portugal. Dom Pedro concorda e fica, tornando-se essa data conhecida como o "Dia do Fico”.
No dia 13 de maio de 1822, os maçons fluminenses, sob a liderança de Joaquim Gonçalves Ledo, por proposta do brigadeiro Domingos Aires Barreto, outorgam ao príncipe o título de Defensor Perpétuo do Brasil, oferecido pela Maçonaria e pelo Senado. Ainda em maio, no dia 22, aconselhado pelo maçom José Bonifácio de Andrada e Silva, Dom Pedro assina o "Decreto do Cumpra-se", no qual nenhum decreto português valeria no Brasil sem o seu “cumpra-se”.
Em 02 de junho de 1822, Dom Pedro ouve dos maçons Joaquim Gonçalves Ledo e Januário Barbosa, o clamor por uma Constituição brasileira. Dom Pedro expõe a seu pai, Dom João VI, já em Portugal, que o Brasil deveria ter sua Corte, convocando assim a Assembléia Constituinte, passo de suma importância para a Independência do Brasil.
A Loja Maçônica Comércio e Artes, em sessão memorável de 17 de junho de 1822, resolve criar mais duas Lojas pelo desdobramento de seu quadro de obreiros, surgindo as Lojas "Esperança de Niterói" e "União e Tranqüilidade", constituindo-se três lojas e possibilitando a criação do Grande Oriente Brasileiro, o qual depois viria a ser denominado Grande Oriente do Brasil. José Bonifácio é eleito o primeiro Grão Mestre, tendo Joaquim Gonçalves Ledo como Primeiro Vigilante e o padre Januário Cintra Barbosa como grande orador. Dom Pedro é iniciado na Loja Comércio e Artes, em 02 de agosto de 1822, tendo como padrinho José Bonifácio. Apenas três dias depois, em 05 de agosto, é aprovada a exaltação de Dom Pedro ao grau de mestre, em uma manobra política de Ledo, que ocupava a presidência dos trabalhos, possibilitando-se que, em 04 de outubro do mesmo ano, o imperador fosse eleito e empossado no cargo de grão mestre do Grande Oriente do Brasil.
Em 07 de setembro, assim reza a mais conhecida história, voltando de Santos para São Paulo, junto a uma pequena comitiva, encontrava-se Dom Pedro nas colinas do Ipiranga, às margens de um riacho, quando recebeu o correio da Corte, que lhe trazia notícias urgentes de José Bonifácio. Após tomar conhecimento do conteúdo, declarou: "As cortes me perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Verão agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações. Nada mais quero do Governo português e proclamo o Brasil para sempre separado de Portugal”.
No dia 04 de outubro de 1822, dia em que Dom Pedro tomou posse do cargo de Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil, Joaquim Gonçalves Ledo redigiu uma nota patriótica ao povo brasileiro: "Cidadãos! A liberdade identificou-se; a natureza nos grita independência, a razão nos insinua; a Justiça o determina; a glória o pede; resistir-lhe é crime, hesitar é dos covardes, somos homens, somos brasileiros. Independência ou morte!”
A Guerra dos Farrapos (1835):
Em um período regencial, marcado por agitações internas, ocorreu em 1835 a Revolução Farroupilha, ou Guerra dos Farrapos, na Província do Rio Grande do Sul. Largamente influenciada pela Maçonaria, nela se destacou o nome do General Bento Gonçalves da Silva, chefe militar do movimento e uma das figuras mais representativas da província. Também de grande influência e participação nesse levante, o nome do revolucionário maçom Giuseppe Garibaldi.
A Abolição da Escravatura (1888):
A Maçonaria prega a abolição da escravatura negra, criando Lojas e difundindo os ideais abolicionistas, mas encontrando, todavia, dificuldades junto aos senhores de escravos.
Em 1881, a Maçonaria faz uma grande conquista: a Lei do Ventre Livre, na qual os nascidos no Brasil ficavam livres. Em 25 de março de 1884, são redimidos os negros sexagenários. Nesse mesmo dia, no Ceará, o Governador da Província, o Maçom Sátiro Dias, foi o primeiro a emancipar seus escravos.
Nesse processo abolicionista, criado por Maçons, destacaram-se, dentre outros, grandes figuras, como Rui Barbosa, Rodrigues Alves, Joaquim Nabuco, Castro Alves, Afonso Pena, Francisco Glicério, Bernardino de Campos (Patrono da Loja que leva seu nome e à qual pertencem os autores deste ensaio).
No mesmo ano de 1884, aos 17 dias de maio, o jornal gaúcho "A Federação" publicou que os Irmãos da Loja Maçônica Luz e Ordem estavam promovendo a libertação dos seus escravos.
Finalmente, a 08 de maio de 1888, o ministro da agricultura, o Maçom Rodrigo Silva, apresenta o projeto de abolição, sancionado pela Princesa Isabel, filha do Imperador Dom Pedro II, em 13 de treze de maio do mesmo ano, declarando-se assim extinta a escravidão negra no Brasil.
A Proclamação da República (1889):
Movimentos anteriores, como a Inconfidência Mineira e a Revolução Pernambucana, já visavam o regime republicano para o Brasil.
Em 1870 foi criado um clube republicano e três anos mais tarde, em São Paulo, criado o Partido Republicano que, embora não empolgasse muito a sociedade, elegeu três deputados para a Assembléia, em 1875.
Posteriormente, os republicanos convencem Deodoro da Fonseca a chefiar a revolução, enquanto a imprensa ataca fervorosamente a Monarquia.
Na tarde de 14 de novembro de 1889, é propagada a falsa notícia de que Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant e outros oficiais seriam presos. Diante disso, o movimento se acelera e o governo tenta se defender com as tropas julgadas fiéis.
Na madrugada do dia 15, no Rio de Janeiro, Deodoro e Benjamin, frente às tropas, reúnem-se e tomam posição ante o Quartel General.
Floriano Peixoto não cumpre as ordens do Visconde de Ouro Preto, para atacar os republicanos. Os portões foram abertos e o ministério de Ouro Preto é deposto.
Foi uma atitude decisiva, afirmando Deodoro da Fonseca que "outro ministério seria logo organizado e de acordo com as indicações que ele próprio levaria ao Imperador”.
Estas indicações foram levadas ao Imperador, às três horas da tarde do 15 de novembro, no Paço da cidade. No mesmo dia, o Imperador deposto resolveu que voltaria para a Europa com toda sua família, transformando-se o antigo Império Brasileiro em República dos Estados Unidos do Brasil.
Como é de fácil percepção no breve resumo histórico apresentado, a Maçonaria influiu politicamente nos mais importantes movimentos revolucionários e libertários brasileiros. É claro que contribuíram para isso, toda uma ideologia e um clima revolucionários da época, não apenas no Brasil, nos quais ela estava bastante envolvida, principalmente por causa de seus ideais de liberdade. Mas foi de fundamental importância, entretanto, o papel catalisador da Maçonaria na congregação das idéias, dando-se a oportunidade para a reunião, o desenvolvimento e a aplicação das ideologias nos movimentos. Uma concepção, infelizmente, bastante esquecida atualmente, realidade que leva a repensar os objetivos da Maçonaria, no que tange ao seu papel, e de seus membros, como agentes participantes da Política.
A MAÇONARIA NO CEARÁ
As primeiras manifestações maçônicas no Estado do Ceará culminaram com a Confederação do Equador e o sacrifício de alguns maçons, inclusive Padre Mororó. A primeira Loja Maçônica foi instalada foi a Fraternidade Cearense 136, em 1856.
A presença maçônica nos movimentos sociais no Ceará, ganha destaque através de sua inserção na organização dos trabalhadores através da Sociedade Artística Beneficente (1902) e Centro Artístico Cearense (1904), seguindo-se diversas outras, inclusive no interior do estado. Essa atuação correspondia ao “novo apostolado” da Maçonaria brasileira, a “questão social”, nos primeiros anos do século XX, em continuidade à sua participação na campanha abolicionista. A postura liberal da Maçonaria teria sido vitoriosa sobre as primeiras articulações dos anarquistas, no Centro Artístico, tornado-se hegemônica na organização dos trabalhadores cearenses até o início da década de 1920, quando se fortalece o movimento dos Círculos Operários, sob orientação da Igreja Católica, iniciado em 1915. A Maçonaria brasileira esteve unificada sob a denominação de Grande Oriente do Brasil (GOB) desde 1883. Atuavam no Ceará as lojas maçônicas Fraternidade Cearense fundada em 1859, Igualdade (1882), Liberdade IV (1901), Porangaba (1905), Amor e Caridade III (1905), dentre outras. Em 1927 ocorre a do Grande Oriente do Brasil, passando a organizarem-se em cada estado da federação as Grandes Lojas Simbólicas, vinculadas à Confederação da Maçonaria Simbólica, gozando de autonomia e soberania dentro e fora do país. A Grande Loja do Ceará é fundada em 19 de março de 1928, resultante da coligação de três Lojas: Deus e Camocim (1921), Porangaba (1905) e Fortaleza (1928). Essa reorganização da Maçonaria brasileira daria nova dinâmica, em termos estaduais, para a atuação dos pedreiros-livres. Seu primeiro Grão-Mestre foi Álvaro Weyne da Grande Loja Maçônica do Ceará entre 1928 e 1932. O jornal O Ceará, do jornalista, professor e maçom Julio de Matos Ibiapina se colocou na defesa irrestrita da Maçonaria, ante os ataques do diário católico: “Os leitores do órgão pio desta capital na estarão esquecidos da campanha quase diária que ali se faz contra a Maçonaria. Os conceitos emitidos contra essa instituição poderão levar ao povo ignorante a impressão de que a Maçonaria é criação diabólica, digna de ser condenada, não somente pelos católicos mas por todos que se interessam pelo progresso social, tão negras são as cores que se pintam os intuitos dos maçons”. Nesse embate, a própria imprensa que já era arma, transformava-se em objeto de disputa. Enquanto experimentava a excomunhão proferida pelo arcebispo D. Manoel, a folha de Matos Ibiapina dava voz às “Queixas do Povo”: O Clero aponta a maçonaria como seita perigosa, e nós perguntamos se há maior perigo para o mundo que se lançar mão às coisas alheias em nome de Deus, como fazem alguns padres da santa madre Igreja Católica Apostólica romana, obrigando as pobres viúvas a fazerem assinaturas do ‘O Nordeste’, dizendo-lhes que se não fizerem tais não terão a salvação eterna e outra ameaça de igual quilate.
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