Nas últimas semanas tenho presenciado a falta de ética daqueles que são
eleitos para representar os trabalhadores, cidadãos e cidadãs. A
atitude do sindicato APEOC na Assembleia, Fortaleza, no Ginásio Paulo
Sarasate foi lamentável e decepcionante. O próprio sindicato contrário a
deflagração da greve dos professores do Estado, todos queriam a greve
de imediato, porém o sindicato bateu
martelo pelo "não", no intuito de não agravar o quadro político
nacional. Até o momento estou engasgado com uma jaca na garganta e pasmo
com os discursos dos integrantes do sindicato. Agora me vem a galope o
impedimento, nunca vi na Câmara dos Deputados um processo ser votado com
tanta rapidez, depois justificam que as matérias de interesse popular
não são apreciadas por falta de tempo, quando não engavetado. A votação
pelo impedimento da presidente Dilma Rousseff bateu recorde no desfecho .
As atitudes dos deputados nas suas falações me causaram nojo, desprezo
pela política partidária e desesperança por dias melhores na política
brasileira.
As atitudes carnavalescas dos deputados a favor do
impedimento constrangem seus eleitores, brincavam num momento tão sério
que compromete a democracia brasileira e nossa imagem lá fora. Por isso
os gringos costumam dizer: o "Brazil" não é um país sério. E saiu no New
York Times, jornal conservador, no dia 15 de abril, “Ela não roubou
nada, mas está sendo julgada por uma quadrilha de ladrões".
O PT
pisou na bola, não está isento da justiça, tem que apurar, e os
envolvidos punidos exemplarmente, sem dó. Só que, os que julgam também
estão implicados com a justiça, mais de cem que votaram a favor do
impedimento tem contas a acertar com a justiça. Dos 513 deputados, 367
votaram a favor do impedimento, uma derrota esmagadora ao PT, a
presidente Dilma Rousseff e ao povo brasileiro. Não foi apenas o PT que
saiu perdedor, a democracia saiu fragilizada, pois 54 milhões de votos
não valeu de nada para a Câmara dos Deputados, a sentença foi dada a
toque de caixa, a velha política rasteira do coronelismo, “toma lá, dá
cá”. O Brasil saiu pequeno diante dos fatos ocorridos nesse domingo (17/
04/ 2016).
Desde que a presidente Dilma Rousseff foi escolhida
para concorrer à presidência do Brasil, fiquei apreensivo, não é por ser
mulher, longe de mim o machismo, contudo, é porque Dilma Rousseff nunca
exerceu um cargo legislativo, ou executivo, é uma técnica, e por onde
passou não demonstrou essa competência toda, a refinaria de Pasadena é
um exemplo, afirmar que não sabia de nada é conversa para boi dormir.
Além disso não é uma pessoa sociável, articuladora, terna e ouvidos
antenados para ouvir opiniões de outras pessoas. Na Câmara dos Deputados
tem deputado que nunca teve contato direto com a presidente Dilma
Rousseff, daí se percebe a distância entre o governo e o Congresso
Nacional.
Desse baile carnavalesco nem tudo foi negativo, às
mascaras dos deputados foram tiradas, quem assistiu ao baile percebeu
quem é quem nesse jogo político, os evangélicos e ruralistas votaram em
peso pelo impedimento. Diversas vezes o nome de “Deus” foi invocado, e
nos dez mandamentos é muito claro, “não pronunciar o nome de Deus em
vão”. A pirotecnia dos pronunciamentos, além de cômico, pseudomoralista,
“minha família”, pela “família brasileira”, “pelos meus filhos”, pela
minha esposa, pela “minha mãe”..., não ouvi do sim ao impedimento
palavras, pela democracia, pelos negros, pelos que tombaram na ditadura
militar, pelas mulheres, pelos índios, pelo fim da corrupção, pela
juventude, pelo estado de direito, pela educação, pela saúde, pela
Constituição, silenciaram. Os contra ao impedimento tiveram a hombridade
de lembrar estes fatos.
Os partidos que foram fiéis a presidente
Dilma Rousseff, o PT, PSOL e PC do B, partido Rede Sustentabilidade
demonstrou apenas ser um partido oportunista. O deputado Tiririca (PR –
SP), arauto da ética, que não se vendia, votou a favor do impedimento, o
próprio Eduardo Cunha sorriu do seu voto, até tu meu bobo da corte.
Vale ressaltar o pronunciamento de um homem sério, o deputado Chico
Lopes (PCdoB-CE), que votou contra o impedimento, ironizou: "Achei que
vinha para uma reunião política, mas estou vendo que aqui é o encontro
dos bons maridos, bons pais".
O pior virá pela frente. As
incertezas políticas no Brasil prejudicam sempre os mais vulneráveis, os
pobres, uma economia que não anda bem das pernas, desemprego em massa,
inflação mostrando suas garras, os deputados golpistas não estão
preocupados com o Brasil, bolsos forrados financeiramente, com
possibilidades de viajar para o exterior, no caso Orlando e Miami, na
hora que quiser, o país pode pegar fogo que a elite coronelista não está
nem aí, nem aqui ficarão nos momentos de confrontos, estarão fazendo
compras lá fora nas lojas de grife, longe do caos político e social que a
nação possa advir de um governo pemedebista.
Os movimentos sociais
vão parar esse país juntamente com o PT, uma coisa que o PT faz bem é
fazer oposição, se o vice-presidente Michel Temer assumir não terá pulso
e moral para segurar o tsunami de reivindicações sociais que vão
estourar pelo Brasil. Os cidadãos esperam que o Brasil passe por uma
catarse política, saia dessa crise fortalecido democraticamente. O
cidadão (ã) que paga seus impostos merece um Brasil decente, sem
corrupção, nesse ano (2016), espero que os eleitores aprendam a lição de
tudo que vem acontecendo ultimamente, que não se deixem influenciar
pela mídia, como tantos fizeram domingo, tenhamos senso crítico e
sabedoria para separar o joio do trigo.
0 comentários:
Postar um comentário