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sábado, 3 de setembro de 2011

Crônica: A bodega de Manel


No cantar do galo seu Manel se levanta para abrir a sua bodega, aos poucos os fregueses vão chegando para comprar suas mercadorias. Pacientemente Manel vai despachando os mais apressados, pesando cada quilo pedido.
_ Manel um quilo de farinha, feijão, arroz, rapadura, sabão, nota aí Manel.
_ Manel eu quero café, açúcar e bolacha, soma aí minha conta...
Sucessivamente os fregueses vão sendo atendidos.
Na frente da bodega um banco de madeira onde as pessoas sentam para jogar conversa fora, os aposentados com suas histórias de vida, falam de tudo, nem a vida alheia escapa.
O tempo vai passando, uns encostam-se ao balcão para tomar uma dose de cachaça, outros vão chegando tardiamente para fazer suas comprinhas.
Na bodega do Manel todos se conhecem, vão matando o tempo para o almoço e tirar uma sesta para depois retornar a bodega do Manel para continuar as conversas e falar das experiências passadas.
Nos dias de jogo Manel costuma ligar o rádio e todos se sentam para assistir, tomar doses de cachaça e discutir o jogo. Nesse momento todos se tornam treinadores.
Na comunidade todos procuram a bodega do Manel, filho da terra e por tradição a bodega tem passado de pai para filho. A bodega já alimentou todos na comunidade. Com o surgimento das grandes redes de supermercados, alguns mais abastados preferem fazer suas compras na Capital. Mas não deixam o Manel na mão, porque sabem quando a coisa aperta quem salva é o Manel.
Todo mês Manel pega sua rural e com seu ajudante vão a capital fazer compras para surtir a bodega. Nessas idas a Capital Manel resolveu comprar uma TV e uma parabólica. Na Comunidade são poucos que possuem televisores.  
Manel instalou na bodega a TV, as noites ficaram animadas, todos querem ver a TV, acompanhar as novelas. Manel é muito popular, gosta do fuxico do Povo.
Manel não é partidário, costuma dizer que política não presta, todo político é farinha do mesmo saco. Quando o assunto é política esquenta, todos querem opinar ao mesmo tempo e cada um tem seu partido, porém cada um respeita o ponto de vista de cada um, costumam falar que não vale à pena brigar por política.
Aos domingos o padre Lopes vem celebrar a missa, a bodega se enche de gente que querem comprar. As crianças bombons, as mulheres tomar uma água ou um refrigerante. Outros aproveitam as missas dominicais para justificar para Manel que não vieram pagar porque não receberam o dinheiro ainda. Manel não é freqüentador da igreja, diz que não tem tempo. Quando termina a missa o padre se dirige a bodega para tomar uma água e saber as novidades. Manel sabe de tudo, é bem informado, vive ligado no rádio e na TV e de olho na comunidade.
Nesses dias Manel teve doente, se ausentou da bodega. Foi fazer uns exames na capital. Não foi nada sério, vida sedentária. Foi aconselhado a caminhar e tomar remédio para baixar o colesterol. Manel não é muito simpático a remédios, mas o médico passou e aconselhou que vida longa  depende da prevenção, e Manel acatou a ordem do médico.
Manel chegou à tardinha na comunidade, as pessoas vieram visitar o Manel e saber como estava. Não foram poucos os que vieram visitá-lo e desejar saúde. Manel foi dormir tarde por conta das visitas.
No cantar do galo Manel de novo estava de pé para atender seus fregueses, falar da sua doença e jogar conversa fora com a comunidade.    

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