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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Análise da existência humana a partir da literatura

Durante muitos anos lecionei por “vocação”, mas ultimamente fui readaptado pelo Estado e pelo Município de Icapuí. Não sei bem o que pesou na minha decisão, o peso da idade ou as condições que se encontra hoje a escola pública. Diante do pensamento socrático “só sei que nada sei”, sei apenas que não suporto mais a sala de aula. Fui readaptado para o multimeio, no caso a biblioteca da escola Gabriel. Enfim, estou no meu habitat natural, os livros; aproveitei para elaborar alguns projetos no quesito leitura e música. Por outro lado, nesse ínterim, li dois livros que merecem serem analisados suscintamente, pois trata das mazelas da existência humana, a crise que a humanidade trava de tempos em tempos. Os livros “Crime e Castigo”, de Fiódor Dostoiévski, “ A Metamorfose”, Franz Kafka, clássicos da literatura universal; por terem sido escritos há tanto tempo, continuam atuais para os dramas da existência humana. Valem a pena tecer algumas reflexões sobre esses dois livros. Em Crime e castigo, Raskólnikov, estudante pobre que abandona a faculdade por condições financeiras. Sua mãe é pobre e vive de pensão, a irmã trabalha como governanta onde é assediada por um senhor dono de terras, acaba perdendo o emprego por resistir ao assédio. Raskólnikov desenvolve uma teoria de sua autoria, indivíduos “ordinários” e “extraordinários”. Napoleão é o personagem de suas reflexões, se Napoleão é um sanguinário e é adorado, por que eu Raskólnikov não pode matar também uma velha agiota exploradora¿ Acaba matando a velha agiota a machadadas e a irmã da velha, Lisavieta, que estava no lugar e na hora errada. A narrativa gira em torno desses crimes. Raskólnikov não demostra arrependimento por ter matado a velha agiota, mas a irmã da velha, Lisavieta. O remorso o persegue constantemente, pois não destruiu a velha ordem matando a velha, apenas um mísero elemento do sistema capitalista. O remorso o leva a se entregar, confessando o crime para a polícia. Nas obras de Dostoiévski a dúvida e a descrença fazem parte do seu contexto, e nesse tempo-espaço o autor de “Crime e castigo” está inserido. Por isso o livro é atual, vivemos num mundo de dúvidas e descrenças, não sabemos nos dias atuais o que estar por vir, navegamos nesse mar de incertezas. O livro é um romance policial recheado de análises psicológicas dos seus personagens, prenúncio das ideias de Sigmund Freud. O livro de Franz Kafka, “A metamorfose”, traz à tona os dramas existenciais da vida humana. Gregor Samsa é um jovem caixeiro viajante, sustenta o pai, a mãe e a irmã. Acorda pela manhã transformado em um inseto, sem poder se comunicar, a família assustada o tranca no quarto para que ninguém possa vê-lo. Com o tempo se torna um fardo para a irmã que inicialmente levava comida. Num ímpeto de cólera seu pai joga maças no seu corpo, uma crava no seu dorso, deixando-o seriamente ferido. A irmã cansada pede para Gregor morrer, pois o mesmo está levando a família ao buraco, Gregor morre... O livro trabalha com vários aspectos, a solidão, a alienação, reconhecimento, valores, senso de justiça... Enquanto Gregor sustentava a família era bem quisto, a irmã sempre sorridente e receptiva a Gregor. Podemos fazer um paralelo com os dias atuais no quesito velhos na idade e os enfermos. O sistema capitalista não se interessa por aqueles que deixaram de produzir, é um fardo para o sistema, precisa eliminar como o lixo das fábricas. Trancado no quarto perdeu a noção do mundo, isolado das pessoas por ser diferente, na completa solidão. Século XXI tantas pessoas excluídas da sociedade por questões financeiras, por pensarem diferente e se comportarem por um viés que fuja aos padrões convencionais. São dois livros magníficos que merecem serem lidos. Não cabe aqui aprofundá-los, pois fugiria do nosso propósito, queremos apenas instigar a leitura desses dois romances, e que as pessoas tirem suas conclusões. Que a leitura do livro “A metamorfose” nos transformem, não em insetos, mas em cidadãos comprometidos com a mãe terra e com nossos semelhantes.
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