Nunca vi na vida terrena uma situação tão caótica como se
encontra hoje a educação pública, digo por experiência própria, 25 anos de
serviço prestado nas escolas, seja pública, particular... Hoje não é fácil
ensinar, principalmente na cidade de Icapuí, falta o respeito para com o
profissional, para alguns professor é lixo.
Pendurei minhas botas, não quero mais sala de aula e os
motivos são óbvios. Primeiro por questão de saúde, não agüento mais presenciar
coisas erradas e os gestores passarem a mão na cabeça do aluno, do “professor
amigo” e fingir que nada acontece na escola. As drogas é uma realidade da
escola Gabriel, vários alunos usuários de drogas e a escola finge que a coisa
não existe, desconheço qualquer iniciativa de alerta dentro da escola, não querem
se envolver, pois é mais cômodo ficar
calado, quem sofre é o professor com ameaças e indisciplina na sala de aula.
Já fui aluno e não me lembro de ter desrespeitado algum
profissional da educação, vejo na escola Gabriel alunos terem os professores
como se fossem inimigos públicos, existem certas proibições que os alunos
querem que os professores sigam a risca essas medidas, como essas leis fossem
para os professores. Existe uma Lei Estadual que proíbe os alunos de manusearem
celulares e aparelhos eletrônicos em sala, os alunos querem também que os
professores não atenda os celulares, é como se o professor não possuísse
família, a Lei foi feita pra eles, os alunos precisam compreender que o
professor é um profissional da educação, estão lecionando porque passaram no
concurso público, o aluno estar na escola para aprender e obedecer às regras da
escola, como também os professores devem seguir as leis do Estado pertinentes a
sua conduta, os papeis são diferentes, embora que todos são iguais diante da Lei
Maior.
Outro motivo que me levou a deixar a sala de aula foi também
o tratamento do grupo gestor para com os professores críticos, que questiona as
coisas erradas da escola, não é justo um diretor tratar os profissionais com
duas medidas, uns chegam à escola na hora que quer, sai na hora que quer e vem
quando quer..., o diretor não manda descontos porque a pessoa apoiou para
diretor e deve esse favor, outros faltam e o desconto vai ao mês seguinte.
Hoje as escolas viraram
um canteiro de politicagem. Profissionais que procuram derrubar os adversários
para o mesmo não crescer politicamente e ameaçar o poder dos que estão na
mordomia.
Como tenho esse blog e escrevo críticas as coisas erradas, os
ditos democráticos tentam calar a qualquer custo, na Educação de Icapuí a oito
meses que não recebo meus proventos, pura perseguição política. Na escola o
torturador de vidas que tem tentáculos procura também me prejudicar. Na escola
Gabriel trouxe de volta o tribunal da Inquisição para julgar atos praticados
por mim fora dos muros da escola, diga de passagem que eu fui o único professor
a se sujeitar ao Tribunal Inquisitorial. O DOI-CODI também foi aberto para mim,
tudo que faço é escrito na ficha, só não colocam os bens feitos que faça na
escola, é difícil um profissional como eu na cidade de Icapuí, não gosta de mim
quem não quer nada com a vida. As minhas chatices de sala é por conta que quero
seguir aqueles padrões antigos aonde o aluno ia para escola para estudar e não
o inverso.
Todos os anos procuro inovar minhas aulas com projetos, no
ano passado fomos duas vezes para Fortaleza com os alunos da escola em visita
ao Museu do Ceará, Teatro José de Alencar, Iguatemi e Centro Dragão do Mar,
tais projetos saíram do papel por que os amigos ajudaram, se dependesse da
escola não teria feito essas viagens. Outra viagem foi para Apodi – RN, Sítio
Arqueológico. Enfim tenho trabalhado incansalvemente na escola e não vejo reconhecimento
por parte do grupo gestor atual.
Na escola Gabriel se vive uma inversão de valores, os bons
profissionais não são ouvidos e nem convidados para compor a gestão, por trás
muita politicagem que pensa que a escola é um apêndice de partidos políticos.
No planejamento da escola presenciei uma atitude de um
professor que procurei chão para por os pés e não encontrei, fiquei
envergonhado com esse “profissional”, o professor sugeriu um leilão em
comemoração a 25 anos da escola dentro das festividades do São João, o
professor foi contra para não ver o professor crescer já que o mesmo que
sugeriu é candidato. O pseudoprofessor gosta muito do poder, colocando em xeque
a própria escola para garantir que seu nome seja o preterido, quem estava na
reunião e ouviu se tiver um pouco de consciência política percebeu o deslize
desse rapaz. É de convir que essa figura estar preocupado com o poder, com a
gratificação no contracheque, é por essas e outras que estou desestimulado para
lecionar e não volto mais para sala de aula, talvez tente a direção da escola Gabriel
(talvez), não sei ainda vou avaliar se tem outros nomes melhores que o meu, uma
coisa é certa, do jeito que a escola caminha não é o caminho certo. Uma escola
que já foi referencia nacional hoje se encontra no fundo do poço.
A aprendizagem caiu drasticamente, poucos passaram por média,
mais da metade das turmas ficaram para recuperação e não estão
nem aí, no final do ano são empurrados para série seguinte.
Outra coisa grave é a questão das drogas, o professor ser
agredido fisicamente e o diretor dar razão ao agressor, inverter os papéis, o
agredido passou a ser o agressor e o agredido agressor. O agressor agora é o “herói”
da turma porque agrediu o professor...
Cansei de ser professor em Icapuí, não quero mais lecionar,
vou pedir ao Estado readaptação, embora goste muito da sala de aula, mas não
quero, não consigo ver a educação do jeito que estar e ficar calado, fingindo
que nada acontece. Para preservar minha saúde e minha integridade física digo
não a sala de aula em Icapuí depois de 25 anos lecionando com muita ética.