No meu tempo não havia educação
infantil, diga-se, que não faz tanto tempo. No marista, Aracati, da minha época,
existiam o primeiro ano fraco, os que não dominavam a leitura, nem a escrita e
o primeiro ano forte, quando o aluno já sabia ler. Fui alfabetizado pelo
religioso marista, irmão Alberto, sobrenome não me lembro, só recordo que era
português e morreu do coração.
Hoje, a educação infantil faz
parte do ensino básico e melhorou muito as condições dos pequenos. No entanto,
muita coisa falta fazer para que a educação infantil seja eficiente. Primeiro
de tudo, não podemos conceber uma criança, como um adulto em miniatura, como no
passado. Hoje com todos os avanços pedagógicos, psicológicos e tecnológicos,
costumamos formatar todos os alunos num mesmo patamar de aprendizagem. Cada criança é um mundo, e diferente das
demais. Cada uma tem um histórico familiar diversificado.
O planejamento pedagógico é igual
para todos. Ora, tem criança que quer pintar; outra quer correr; outra quer
jogar, enfim, cada uma tem seus interesses individuais. Muitas crianças não se
enquadram entre quatro paredes, quer descobrir o mundo de outra forma,
interagindo com outras formas de conhecimentos que não seja a da sala de aula.
Um exemplo para entender melhor
meu ponto de vista. A escola X tem uma forma e todas as cabeças são obrigadas a
se adequar a essa caixa. O que vai acontecer é que cabeças grandes não vão
caber na forma e as pequenas irão sobrar. Então, é de se perguntar, o que farão
os professores para que todas as cabeças caibam na mesma forma?
Na minha vida escolar “sofri”
muito, pois, nunca me adequei aos modelos pré-estabelecidos pedagógicos que
surgiam de cima para baixo. A indisciplina e minha pouca vontade pelos estudos
era minha reação de dizer não aquelas metodologias arcaicas que me tratavam
como uma “tabula rasa”. O que gostava era de brincar, correr, jogar e ouvir
estórias. Sempre gostei de escrever, talvez a escola onde estudei, tivesse
investido nesse dom que eu tenho, talvez hoje seria um grande escritor da
língua portuguesa. A escola diariamente perde vários talentos, pois não
percebeu e nem descobriu as habilidades de cada aluno.
Os alunos “sapecas” são
inteligentes e querem ir além dos limites, só que o freio das normas da escola
não permite. Como já frisei, tem alunos que são “elétricos”, querem mais, e a
escola não deixa ir porque tem que esperar pelos outros. Nada contra de esperar
pelos que caminham mais lentamente. O errado é impedir que os outros alcem voos
de águias, fora do contexto escolar engessado.
A minha leitura da educação
infantil faço a partir dos conhecimentos que tenho de escolas públicas, penso
que os colégios particulares tenham um cuidado mais apurado em relação aos
alunos que tenham habilidades especiais. Não defendo aqui QI, pois para mim
todos tem o mesmo QI. O que falta é os estímulos para que os neurônios
trabalhem com mais eficiência. A diferença de conhecimentos se dar por causa
dos agentes motivadores que não foram suficientes na vida familiar e escolar.
As creches deveriam ser os
espaços mais prestigiados da educação básica, pois nesse mundo infantil vai
decidir o futuro de cada criança. Uma creche que não tenha amor pelas crianças
vai traumatizar as crianças pelo resto da vida, amor no sentido pleno da
palavra. “A primeira impressão é a que fica”.
Defendo projetos pedagógicos que
tratem as crianças individualmente, não estou defendendo um professor para cada
aluno, mas que o educador compreenda que cada aluno é um mundo em transformação.
Um especialista em educação
infantil para orientar os professores no trato das crianças, perceber desde a
infância os problemas psicológicos para serem tratados com antecedência. Enfim,
o acompanhamento dos pais, a creche não é um depósito de crianças, onde as mães
deixam os filhos para terem ‘sossego’. A presença dos pais é de fundamental
importância, pois, os professores não pariram as crianças, quem as colocou no
mundo foram os pais e por isso tem responsabilidades com seus entes queridos.
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