É notório acontecer no meio político conceitos, esquerda e
direita. Esses conceitos surgiram durante a Revolução Francesa, precisamente na
Assembleia Nacional Constituinte. Os que queriam o aprofundamento da Revolução
(1789), se sentavam a esquerda, exaltados e radicais [ baixa burguesia e
trabalhadores], “jacobinos”; e os que sentavam a direita, moderados, defendiam
a conciliação com a nobreza e a alta burguesia, “girondinos”. O tempo passou e esses conceitos ficaram na
mentalidade das pessoas, os que defendem mudanças se auto intitulam de esquerda
e os que querem manter a tradição de direita.
Hoje na atual conjuntura política é chique falar, eu sou de
esquerda, até um tempo atrás muitos se escondiam na toca do anonimato para não
ser preso, torturado ou até morto pela ditadura militar, nos anos de chumbo. Os
que ousaram nas práxis revolucionárias combater a ditadura militar, acabaram
eliminados pelo regime autoritário e violento.
No Brasil hoje vivemos uma hegemonia da direita. O PT que
levantava a bandeira da mudança, chegou ao poder e se acomodou ao poder. As
mudanças foram superficiais e a composição na base de apoio se fez através dos
partidos de direita. Quando digo que
foram mudanças superficiais é porque o PT não teve a coragem de radicalizar as
mudanças necessárias para o Brasil avançar sem retrocessos políticos. Fora do
poder o PT sempre defendeu a reforma agrária, chegando ao poder fez apenas
algumas desapropriações pontuais e mesmo assim com dinheiro público.
Os conceitos de esquerda e direita são tantos que muitas
vezes confunde até os mais experientes. A direita também faz mudanças, reformas
e muitas vezes são contra as privatizações, veja o Regime Militar, eram contra
as privatizações e nem de perto poderia se chamar de um regime de esquerda.
“Ser de esquerda, hoje, é defender os direitos
dos mais pobres, condenar a prevalência do capital sobre os direitos humanos,
advogar uma sociedade onde haja, estruturalmente, partilha dos bens da Terra e
dos frutos do trabalho humano”.
Norberto Bobbio no seu livro “Direita e
esquerda: razões e significados de uma distinção política”, disseca esses
conceitos de esquerda e direita, embora deixe muitas lacunas na sua exposição,
porém é um livro válido para entender esses conceitos. A maior discussão entre esquerda e direita se
dá em torno dos princípios da igualdade e da liberdade. A esquerda seria mais
igualitária. A direita, mais propensa a
defender a liberdade, travando lutas históricas sobre os riscos de igualdade. Ora,
a liberdade pregada pela direita é fantasiosa, pois o que eu quero não posso
ter por não possuir capital suficiente para adquirir aquele bem material.
A igualdade entre os seres é temida pela
direita e defendida pela esquerda, quando o princípio da igualdade for uma
realidade entre as pessoas, acaba-se a exploração, não tem mais sentido uma
classe sobrepor a outra. Nos países que alcançaram um alto grau de
igualitarismo dentro do capitalismo, os cidadãos se tornaram independentes,
livres das amarras do “capitalismo vampiro”.
Outro erro grosseiro é achar que o comunismo é
de esquerda e a história nos mostra os regimes totalitários, no caso do
stalinismo e tantos outros, não tinham nada de esquerda, na visão de Norberto
Bobbio, “de justiça social”. Os países nórdicos numa economia de mercado alcançaram
um padrão de vida de excelência.
O sociólogo inglês Anthony Giddens na obra
“Para além da esquerda e da Direita”, propõe uma junção entre esquerda e
direita, “ uma “política radical reconstituída, que recorra ao conservadorismo
filosófico, mas que preserve alguns dos valores centrais que até agora
estiveram associados ao pensamento socialista”, a chamada Terceira Via, muito
em voga na Europa.
Acredito em “democracia igualitária”, onde os
cidadãos tenham o direito de escolher seus representantes, não é o caso do
Brasil, e os políticos eleitos tenham como meta a aplicação da “justiça
social”. Em pleno século XXI com todos
os avanços científicos e tecnológicos os cidadãos ainda padeçam de injustiças
sociais, econômicas e políticas.
Uma corrupção histórica que corrói as
Instituições Representativas, deixando o cidadão à mercê das intempéries
econômicas, vulneráveis de ideologias oportunistas e midiáticas. Os partidos
políticos sem alicerces ideológicos, seja de esquerda e direita, ou centro,
perdidos no fisiologismo, ávidos pelo poder individual.
Com a Queda do Muro de Berlim (1989), as
esquerdas no mundo todo ficaram sem direção e no Brasil os partidos ditos de
esquerda se perderam no caminho. Se aliaram ao diabo para se manterem no poder,
usando de velhas táticas da direita. O
que vivenciamos no Brasil são reformas pontuais que não muda radicalmente a
vida do cidadão.
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