A educação pública se resume apenas na transmissão de
conteúdos conceituais e, por sinal, muito ruim. Os alunos recebem conhecimentos
desfocados da realidade e muitas vezes sem nenhuma utilidade no seu mundo.
Defendo uma pedagogia de práxis, como tão bem fez Paulo Freire na alfabetização
de adultos, lembro-me, que quando fui alfabetizado possuía uma cartilha de A -
Z e cada letra tinha uma figura. Muitos objetos nunca tinham visto e nem
comido, por isso aquilo não me interessava. O mais sensato seria no canto da
palavra carro uma carroça, pois todos os dias a carroça d’água do Morrinho
abastecia o pote da minha casa, lembro até uma figura que tinha na lata, um
jacaré.
Meu pai operário de fábrica, trabalhava até nos finais de
semana para ganhar um pouco mais, horas extras. Na cartilha tinha um M
maiúsculo e um m minúsculo e a figura de uma maça. Nunca tinha provado naquilo,
nem sabia que era, fosse M de máquina saberia o que era, pois, meu pai era
operário têxtil, trabalhava no tear. A juventude de Aracati não sabe, mas no
passado o ganha pão da cidade por muitos anos foi a fábrica Santa Tereza.
Hoje com todos os avanços tecno-socio-pedagógicos..., não
aprendemos ainda a valorizar a realidade dos alunos e aproveitar esse espaço
para educar. Por isso os alunos não gostam da escola, vão por necessidades e
obrigação. Dessa conjuntura surge a indisciplina, a evasão e o desinteresse por
tudo que a escola promove, menos que a lhes interessam.
No momento atual a escola pública se resume apenas em
depositar conteúdos, de maneira muito superficial e acrítica. Nada melhor para
exemplificar fatos do que a própria experiência. Quando estudava no Colégio
Marista de Aracati, tinha verdadeira paixão pela escola, porque não se resumia
apenas ao conteúdo. Havia o esporte e por sinal muito disputado. O portão para
a prática esportiva se abria às 17h. Às 16h já havia gente no portão para
correr para quadra, campo de futebol ou o salão de jogos [ “Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde,
desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais
eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieto e agitado:
descobrirei o preço da felicidade! ”]. Interessante, o autor do livro “O Pequeno
Príncipe” foi aluno marista na França, Antoine Saint Exupéry. Só saíamos da
escola quando o sino tocava e triste por ter terminado a diversão tão cedo. Não
havia drogas no nosso meio, apenas os vícios da adolescência.
Quem já estudou no colégio marista sabe que nas escolas
sempre tem uma grande capela e um grande auditório, pois a cultura e a religião
são bastante prestigiadas, até porque a Congregação Marista é Católica, de
origem francesa. Os espetáculos teatrais são constantes e envolve toda a
comunidade escolar.
Citei as Escolas Maristas como exemplo, alguém poderia
criticar, são Escolas Elitistas, é verdade. Nas escolas das grandes cidades
são, mas Aracati sempre foi um colégio que acolheu os mais carentes. Havia na
minha época uma tal de “bolsa federal” que custeava os estudos dos alunos mais
necessitados. E o irmão Adriano Sauer
sempre negociava com os pais uma maneira suave de pagar as mensalidades e assim
se aproveitava os ensinamentos nas diversas áreas de saber no Colégio Marista.
As escolas públicas necessitam investir no esporte, o que
vejo é uma tal de “queimada” que não leva ninguém ao pódio. Todas as
modalidades esportivas precisam ser valorizadas, ênfase no atletismo que os
custos são mínimos.
A cultura também é importante, pois crianças introvertidas se
soltam socialmente no teatro. Os talentos musicais nas escolas se fazem
presente e, no entanto, a escola não traz a público esses artistas talentosos
que esperam uma chance para se apresentarem.
Não se faz educação de qualidade entre quatro paredes, com
giz, apagador e quadro. As drogas rondam
as escolas e é preciso ocupar essa juventude com educação de qualidade,
cultura, esporte, aulas laboratoriais ...
Do jeito que a educação é tratada, hoje, não acredito em
mudanças advindas do seu seio. Os alunos
terminam o ensino médio falando, “nós vai entrar na faculdade”. Em termos
culturais pouco sabem da nossa literatura, porque leram muito pouco e o que
leram foram resenhas da internet.
Cientificamente acreditam que o primeiro casal adveio de Adão e Eva. O
homem não foi a lua, pois Deus não permite. Uma coisa aprendi na vida, não se
mistura ciência e religião.
A criticidade é de suma importância, sempre respeitando as
crenças das pessoas. No entanto, não podemos nos omitir da cientificidade, pois
o mundo gira em torno de concepções científicas e para viver bem é preciso
entender o processo de evolução do Cosmo, e só a educação é capaz de abrir os
nossos olhos para a realidade.