As pessoas regozijam-se, de modo geral, no final de cada ano por mais um
ano vivido. A vida é uma grande dádiva da natureza: viver com saúde, percebendo
mensalmente o fruto do seu trabalho ($) com dignidade, de bem consigo mesmo e
com a vida social; é bom demais. Esses momentos de prazer poderiam chamar de
Felicidade (?). As viagens dantescas às quais fomos designados a trilhar
[purgatório – inferno], não por opção, mas por imposição do sistema, são
recompensadas pelas alegrias do paraíso, embora sejam ínfimos esses momentos,
vale contudo a pena de serem aproveitados. No atual contexto de vida a
prerrogativa é o mais velho morrer primeiro; no atual contexto societário é
coisa do imaginário popular, hoje basta nascer para morrer prematuramente. A
violência tem levado tantos jovens na flor da idade a óbito por motivos banais,
encantamentos de falsa felicidade advinda pelo consumo das drogas. A sociedade
brasileira vive uma epidemia causada pelo consumo do CRACK, barato e de fácil aquisição,
que mata os mais vulneráveis racial e economicamente. As classes mais abastadas
não estão imunes à praga das drogas, porém possuem condições financeiras para
se internar em clínicas de reabilitação. Ao pobre só o abandono das ruas, na
melhor das hipóteses; na pior, torna-se alvo de chacinas. As drogas mais
sofisticadas como a cocaína, ecstasy, LSD, heroína e outras, os ricos consomem
nas baladas noturnas. O próprio álcool, por ser uma droga lícita, penetra nos
lares com mais facilidade. Quando o indivíduo cuida, é tarde, se torna mais um
dependente químico. As escolas públicas e religiosas do passado são bastante
criticadas hoje por alguns educadores modernos, por terem sido autoritárias,
'alienantes', elitistas e manter uma relação vertical, professor-aluno; porém
estavam imunes das drogas e de seu poder destruidor. As escolas de outrora
sabiam preencher o tempo livre dos alunos com tarefas, esporte, lazer, cultura,
religiosidade, família, convivência... Quem foi aluno marista sabe muito bem os
momentos de alegria e jamais esquecidos. A atual Educação Pública no Brasil é
uma grande falácia, alimentada por uma propaganda midiática paga pelo governo.
Os índices estatísticos incriminam a nossa 'pátria educadora', os números não
mentem. Ter sucesso na vida é cursar uma faculdade e, por conta dessa “corrida
ao ouro de tolo”, os cursos profissionalizantes ficam em segundo plano. O ENEM
reforça essa ideia segundo a qual para se dar bem na vida é preciso cursar um
curso de nível superior; entretanto, por que não um curso técnico? Uma histeria
nacional o exame do ENEM, nada contra, mas é preciso investir nos cursos
profissionalizantes. Nem todos querem cursar o ensino superior, mas
profissionalizar-se e entrar logo e firme no mercado de trabalho. Um bom técnico
hoje numa empresa estatal, como a Petrobras, ganha melhor do que muito
universitário. Hoje a educação leiga tornou-se uma negociata: os colégios
particulares não estão preocupados em preparar cidadãos, mas robotizar os
alunos para responderem alternativas nas provas dos vestibulares. A educação
caminha na contramão do desenvolvimento sustentável. A tão sonhada felicidade
que todos correm atrás fica restrita a uma minoria, ficando a maioria
marginalizada, à mercê do destino dantesco, sem poderem usufruir do paraíso edênico
que pertence a todos os mortais. A temporalidade terrena é um lampejo, passa
tão rápido; só percebemos quando olhamos no espelho e vemos a quantidade de
cabelos brancos na cabeça. Uma reflexão se faz presente: mais um ano se passou
e o que eu fiz de concreto para tornar o mundo mais acolhedor? Enquanto as
famílias, escolas e sociedade não preencherem esse vazio existencial dos
jovens, vamos continuar derramando lágrimas por entes queridos que se foram
antes do tempo; aos mais velhos, apenas a difícil missão de enterrar os jovens.
As famílias totalmente desestruturadas não CUIDAM do maior patrimônio de suas
vidas: a Juventude. Os jovens entregues ao mundo de “mão beijada”, já que o
mundo lá fora é uma 'casa de terror'. A escola é teoricamente acolhedora; é bom
frisar, porém, que a instituição de ensino não é pai nem mãe, os objetivos da
escola deságuam na aprendizagem cidadã. A escola desaparelhada, sozinha não
consegue EDUCAR, é necessária a presença dos pais e da sociedade nessa difícil
missão de ensinar na contemporaneidade.
0 comentários:
Postar um comentário