A "rainha dos
apelidos" nasceu no Aracati no dia 24 de janeiro de 1883, filha de
Francisco do Carmo Pinto Pereira e Cândida Chaves Pinto. Uma família de dezesseis
irmãos. A única mulher da prole,
Castorina Chaves Pinto.
Apesar da idade sempre foi uma
pessoa alegre, de bem com a vida. Quem teve o prazer de conhecer Castorina
Pinto, saiu da cidade de Aracati com boas referências do lugar, ou com um
apelido bem dado.
Ficou famosa no Brasil por seus
apelidos inteligentes, vale ressaltar que os apelidos de Castorina Pinto não
tinham como objetivo denegrir a imagem de ninguém; era uma maneira de fazer
humor para agradar os visitantes que vinham para o Aracati. Muitos viajantes
vinham conhecer Castorina Pinto para serem batizados por ela, através de um
apelido.
Há muitas controvérsias em
relação aos apelidos, alguns afirmam que quem botava os apelidos era seu irmão
Teófilo Pinto, proprietário do restaurante na Rua Grande, onde hoje funciona o
museu jaguaribano, uma coisa é certa, os dois gostavam de colocar
apelidos. Castorina era mais reservada,
respeitava mais as autoridades, já Teófilo, não perdoava ninguém. Afinal, quem ganhou
fama foi Castorina Pinto.
Alguns apelidos merecem ser
lembrados:
- Dom Manuel de Silas Gomes,
"bolo enfeitado",
- Dom Antônio de Almeida
Lustosa, "envelope aéreo",
- Dom Hélder Câmara,
"pombinha do céu",
- louro baixote, “prego
dourado",
- cel. Dr. Querubim Chagas -
"noite ilustrada",
- filho de Querubim Chagas -
"suplemento da noite ilustrada"
- juiz de cabeça grande -
“cabeça de comarca",
- rapaz difícil de casar -
“cédula falsa",
- coxo - "pé de
vírgula",
- David Bastos, “cabeça de
queijo do reino".
Um viajante que desafiou
Castorina Pinto..., sairia do Aracati sem apelido, se 'escondia' no hotel do
seu irmão Teófilo Pinto, olhava nas frestas das janelas, não teve jeito, saiu
com o apelido "rato de gaveta".
Cada apelido se encaixava com
mestria, dentro dos aspectos materiais e físicos. Dom Manuel, eclesiástico, por
desfilar pelas ruas do Aracati muito pomposo levou o apelido de "bolo
enfeitado", Dom Antônio muito magro levou o apelido de "envelope
aéreo" e assim sucessivamente, todos os apelidos pegavam de imediato e
eram certeiros.
Castorina Pinto durante muitos
anos trabalhou na Prefeitura de Aracati, se aposentou na gestão de Ruperto
Porto. Aos domingos e festividades religiosas fazia a coleta das ofertas, todos
que frequentavam a igreja sempre levavam uns trocados para não verem o olhar de
censura e a língua afiada de Castorina Pinto.
Castorina Pinto nunca casou e
não teve filhos, adotou uma menina, Maria Pinto, chamada por “Bébé”. Passou o
resto da sua vida em Fortaleza na Rua Franklin Távora, não morreu na míngua,
como alguns pensam, mas numa casa modesta e vivendo de pensão. A fama não lhe
rendeu recursos financeiros, mas nunca perdeu a alegria de viver, sempre
recebia visitas com muito bom humor e um cafezinho bem servido para relembrar
os velhos tempos que trabalhou na prefeitura do Aracati.
Muito falante e desenrolada,
falava pelos cotovelos, é tanto que Chico de Jane, dono do bar "amansa
sogra" dizia, Castorina bebeu água de chocalho, Castorina replicava, nasci
numa 'noite de trovoada'.
A rainha dos apelidos se calou
no dia 26 de setembro de 1966, aos 83 anos, na cidade de Fortaleza. A revista
“O Cruzeiro" fez uma cobertura jornalística da sua morte. Restam à nova
geração resgatar do esquecimento essas pessoas ilustres do Aracati que hoje
fazem parte do folclore aracatiense. "Um povo sem história, é um povo sem
memória".