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terça-feira, 30 de junho de 2015

Digo sim à democracia e não a tirania


Na democracia a liberdade de expressão é um “direito sagrado”, só os ditadores ao longo da História se satisfizeram no uso da força para domar seu povo. Até hoje nenhum sistema de governo transformou tanto a vida dos cidadãos quanto a democracia. A História nos traz ensinamentos precisos acerca de que o autoritarismo não eleva o espírito humano. Na Grécia antiga, berço da democracia, os cidadãos decidiam o destino político de seu povo. Vale ressaltar que a democracia ateniense não era perfeita, pois o povão não tinha o poder de decisão e os gregos, que nos legaram tantos conhecimentos, conviviam com a escravidão e encaravam tal fato como uma coisa normal. Destaca-se, contudo, essa “democracia”, uma vez que os outros regimes se sustentavam na tirania. Na Idade Média a igreja católica era a grande detentora do poder político e religioso. Nada escapava ao olhar de censura da igreja. A igreja, por deter o conhecimento e ser uma grande senhora feudal, dominava o povo com mão de ferro. Muitos que tinham uma opinião diferente dela padeceram através de torturas ou através das fogueiras inquisitoriais. A Idade Moderna trouxe a ascensão do absolutismo monárquico: uma família se sentiu no direito de governar as outras por possuir muitas terras; tudo com o aval da igreja católica. À nobreza [a elite privilegiada], cabiam as melhores terras e ordenados, regalias como a isenção dos impostos e ascendia aos postos de mando da plutocracia do regime monárquico. O rei Luís XIV chegou ao ponto de dizer, “Eu sou o Estado”. A contemporaneidade se estende até os dias atuais; há inúmeras referências a regimes autoritários que, com toda a revolução científica, não compreenderam o diálogo e a diplomacia como instrumento de união e desenvolvimento dos povos. As guerras mudaram o mundo para pior; muitas vidas foram ceifadas sem sentido por regimes tirânicos. O fanatismo religioso trouxe à tona, em pleno século XXI, o terrorismo sem pátria; ou seja, qualquer cidadão em qualquer parte do mundo estará sujeito a atentados terroristas. Não mais se dialoga, a violência sendo o caminho viável para resolver as diferenças. O Brasil passou por regimes ditatoriais que merecem destaque: o “Estado Novo”, presidido por Getúlio Vargas, torturou e matou. Vale ressaltar o episódio da mulher de Luís Carlos Prestes, Olga Benário, entregue a Gestapo, vindo a morrer num campo de concentração nazista. Nos anos de chumbo [período no qual os militares assumiram pelo poder pela coerção] depõe-se o governo democrático, no caso João Goulart; e assumem o poder. Anos de terror para aqueles que militavam contra a ditadura militar: torturas, desaparecimento de jornalistas e políticos na calada da noite. O presidente militar assim sintetizou o seu governo, “Brasil: ame-o ou deixe-o”. Em outras palavras: ou você abraça o governo ditatorial, ou cai fora do País. Depois de tantos anos de luta e sacrifícios de companheiros que deram a vida para que o Brasil revivesse a democracia, não é possível que partidos políticos no poder e seus pseudo-líderes, representando entidades sem alicerce popular, aproveitem do cargo para amordaçar os cidadãos que pensam diferente e criticam o oportunismo político. Numa cidade pequena como Icapuí não é admissível que figuras decorativas e sem expressão política tentem calar a voz dos cidadãos que ao longo dos anos construíram uma história profissional e política na cidade. Essas atitudes acontecem porque temos um governo títere fraco e um povo omisso das decisões políticas. A liberdade de expressão incomoda todos aqueles que foram acostumados ao mandonismo e às benesses do poder, que temem perder os seus privilégios políticos; por isso se agarram com unhas e dentes ao poder, à sombra e na água de coco, numa redinha armada - contemplando o patrimônio adquirido à custa do suor alheio.

Fonte da imagem: http://livrespensadores.net/wp-content/uploads/2013/02/censura.jpg

sábado, 13 de junho de 2015

Memórias de um Prego

Nos confins do Universo, da estrela mais bela e luminosa, certo dia seu combustível (H) expirou e explodiu, jogando no espaço infinitas partículas de poeira cósmica. - Nessa viagem pelo Universo agreguei-me a outras partículas e, juntos, formamos um belíssimo planeta no qual chamam de Terra. Nas entranhas da terra ficou o Fe adormecido por centenas de anos. Numa manhã uma mão mecânica retirou-me da escuridão e do meu descanso, passeei por esteiras até à luz do dia, jogado num monte de ferro impuro. Quisera eu ter nascido em berço de ouro: estaria nos dedos de um casal apaixonado, ou nas orelhas de uma linda mulher... O vai e vem de caçambas levando o minério para sua última viagem, dali encaminhado para as fornalhas que dão vida e forma aos metais. Assim nasceu o nosso personagem, o Prego, no meio de tantos pregos de cabeça chata. Ele sobreviveu às intempéries do tempo para contar a sua história. O Prego trouxe na sua essência o espírito do sol, percebia os fatos como ninguém. Depois de tomar forma na metalúrgica, foi empacotado com outros pregos e levado para um armazém de construção. Não esperou muito tempo, logo foi comprado pelo carpinteiro “Pedinho”, assim era chamado pelos populares. Pedinho fora incumbido de cobrir uma casa do professor Hercílio, que aos trancos e barrancos construía sua moradia, cansado de pagar aluguel. Prego foi colocado dentro da caixa de ferramentas; ali fez amizade com outras ferramentas: o martelo, o serrote, parafusos, seus colegas metálicos, a fita métrica, formão, enxó, plaina, sargento, marreta, pua, limas, espátula, compasso, alicate; enfim, com toda a família da marcenaria. Todas as ferramentas trabalhavam diariamente, cumprindo seu papel nos quais foram vocacionados. Nesse espaço, o Prego ficava em silêncio; esperava seu momento de glória. Os anos foram se passando, amigos se foram, ferramentas envelheceram e quebraram na labuta dos anos. O Prego envelheceu, perdeu o brilho e a ferrugem consumia seu corpo e sua alma. O carpinteiro Pedinho aposentou-se pelo INSS: agora só fazia trabalhos caseiros e alguns bicos. A conversa na caixa se tornou memorável. O martelo se vangloriava de ter acertado tantas cabeças de pregos em ripas e caibros. Dizia: - Os pregos entram na madeira com gosto de gás. O serrote com seus dentes afiados na juventude devorava a madeira, fosse dura ou mole, não importava, serrava sem piedade, hoje desdentada e o que sobrou de dentes cegos e comidos por ferrugem. As buchas e os parafusos comungavam o mesmo cantinho, no jogo côncavo-convexo. A fita métrica se gabava pela precisão da medida, fruto da sua natureza matemática. E assim, sucessivamente, cada ferramenta do caixote contava a sua história. O prego apenas ouvia, pois seu momento não chegara... No entanto o Prego não perdia as esperanças, sabia que seu dia chegaria. Os anos foram se passando e nada de novidades para o Prego; continuava na caixa, silencioso e a ouvir as histórias enfadonhas das ferramentas. O velho carpinteiro Pedinho faleceu de velhice, ali ficou a caixa de ferramentas esquecida durante anos na estante empoeirada e esquecida. Certo dia, inesperadamente, apareceu na oficina o filho de Pedinho, o Pedro Neto, carpinteiro de mão cheia, que resolveu seguir a profissão do pai. Pedro Neto avistou a caixa de ferramenta, abriu e por momentos relembrou do pai. As lágrimas rolaram do seu rosto e sentia orgulho do pai, homem trabalhador e honesto. Devagar foi retirando as ferramentas: as mais antigas resolveu guardar como lembrança do pai, as quebradas separou para consertar. O velho Prego se juntou a outros metais enferrujados e sem valor da oficina, porém, teve o cuidado de mandar os metais para a reciclagem, para a alegria do Prego. Encaminhado para uma siderúrgica o Prego adquiriu vida nova e de novo corpo de prego. Sabia que tinha nascido prego e assim seria a sua vida até cumprir a sua missão, que até o momento não tinha dado as caras. Novamente empacotado com outros pregos é levado para uma casa de materiais de construção. O dono da loja, Raimundo dos Santos, comprou um relógio para pendurar na parede da loja. Pegou o Prego do saco, o martelo; escolheu um lugar bem visível. Cuidadosamente enfincou o Prego na parede, depois colocou o relógio. O Prego satisfeito, agora segurava o tempo. Os anos foram se passando e a pressa dos homens pelo tempo incomodava o Prego. Percebeu que os humanos eram escravos do trabalho e as horas guiavam os homens às senzalas. Aquilo entristecia o Prego. Não acreditava que a sua missão seria segurar o tempo dos homens. Aquilo precisava se acabar. Então resolveu se sacrificar, deixou o tempo corroer seu corpo. Quando chegou o momento certo deixou se quebrar e, com parte do seu corpo, o relógio despencou no chão se desfazendo em pedaços. A partir daquele momento os homens e mulheres se libertaram do tempo, deixaram de olhar aquela parede vazia. O Prego percebeu, enfim, a sua missão na terra: deixar os homens livres dos grilhões da pressa. O prego deixou de existir, mas feliz por ter cumprido a sua missão. Wellington Pinto
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